quarta-feira, 11 de maio de 2011

Inaugurada mais uma exposição de fotos audiodescritas no site da MIDIACE - Associação Mídia Acessível

Desta vez, a exposição nos permite conhecer o projeto Senti(n)do, sucesso de público há vários anos em Portugal

Luís Rocha
A ideia d’Os Projectos Fotográficos com pessoas cegas e de baixa visão partiu do fotógrafo Luís Rocha, representante do M.E.F. (Movimento de Expressão Fotográfica), que procurou dar resposta à questão de saber que percepção terá da fotografia uma pessoa que não vê ou que tem uma visão extremamente limitada?
Assim sendo, foi estabelecido o contacto com a Associação Promotora do Emprego de Deficientes Visuais (A.P.E.D.V.), ideia essa que foi recebida com algum cepticismo. Não só membros desta Associação consideraram uma ideia "cínica", como acreditavam que, a ser realizado o curso de fotografia para pessoas com deficiências visuais extremas, dentro de "uma ou duas semanas" todos os participantes teriam desistido. Ora, o oposto sucedeu, desde Julho de 2003 é um projecto que se mantém.
Na origem da ideia encontramos o conceito a este propósito: «o entusiasmo de poder "aumentar o real" até um ponto em que se torna perceptível - mesmo para uma pessoa de baixa visão em alto grau - aliou-se ao aliciante "conceptual" de produzir um objecto artístico cuja comunicação com o público se desse exactamente através do sentido que o seu autor menos domina - a visão.
O resultado dos projectos realizados foi um empenho fortíssimo, uma atenção desmesurada e um quotidiano cheio de novas descobertas: podemos fotografar o que ouvimos, o que sentimos, até o que imaginamos (a partir das descrições que nos fazem do real)! Podemos produzir imagens que, ainda que não tenham nascido de uma conceptualização puramente visual, são visualmente significantes para quem as olha, e transmitem através do olhar aquilo que pode ser a sua ausência.
O projecto SENTI(N)DO surgiu na continuidade dos anteriores projectos. No seguimento do trabalho realizado com esta população (pessoas com deficiência visual), onde se tem vindo a explorar os vários sentidos (audição, memória visual e tacto), o MEF propôs-se neste projecto trabalhar o sentido do olfacto. Tendo em conta que um cego procura "visualizar" através dos seus sentidos activos, considerámos interessante explorar as suas sensações olfactivas, representando-as em imagem. Assim, este projecto, teve por base a criação de imagens idealizadas a partir da apropriação de um cheiro. Em termos expositivos materializa-se em três elementos: o cheiro, a imagem fotográfica em alto-relevo e a sua audiodescrição.
A exposição tem como base a instalação de imagens tácteis, existindo um espaço dedicado a cada autor, com a respectiva imagem em alto-relevo. Estas imagens são percepcionadas pelo tacto e pelo cheiro. À entrada de cada espaço expositivo, são distribuídas vendas às pessoas não cegas, com o objectivo de reforçar a ausência de referências a que está sujeito uma pessoa cega, transportando-as para essa realidade. Mais uma vez, pretendeu-se descrever imagens vivas através de imagens sensoriais, ou seja, procurou-se promover a descrição das imagens captadas com elementos característicos provenientes dos cinco sentidos. Este é um projecto que explora as possibilidade de visualização e compreensão de imagens através de outras capacidades cognitivas além da visão, que passam pelo tacto, pelo olfacto e pela audição. É dada às pessoas com deficiências visuais a oportunidade de participarem e "verem" uma exposição de fotografia, desmultiplicando os efeitos do projecto na elevação da auto-estima desta faixa populacional.
A divulgação deste projecto, face ao público em geral, potencia uma percepção diferente da pessoa com deficiência visual, pela compreensão das reais capacidades e potencialidades destas pessoas.




Fonte: Midiace
São Paulo - SP, 10/05/2011

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