quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Ônus da Audiodescrição: depoimento de uma mãe

Depoimento de Rosangela Gera durante a realização do seminário "Avaliação dos Primeiros 45 Dias da Audiodescrição na TV" descreve a experiência de viver em uma sociedade que não pensa em todos os cidadãos

Rosangela Gera
Boa Tarde a todos,
Eu fui pega de surpresa com o Projeto de Lei - a Lei Laurinha pelo livro acessivel - anunciado pela deputada Rosinha e espero que a Laura traga sorte para sua aprovação por que a luta pelo livro acessivel já vem sendo travada por muita gente antes de nós.
Apesar de não ter procuração para falar em nome dos pais e mães das crianças cegas do Brasil, tenho certeza de que aprovariam minha fala.
Compartilho com todos eles desde que a minha filha nasceu , a experiência de viver em uma sociedade que não pensa em todos os cidadãos . A escola que matricula por força da lei, ainda não compreendeu que a educação inclusiva é muito mais do que isso significa garantir aprendizagem e que o aluno cego tem o mesmo direito de aprender que o colega que está sentado ao seu lado , isso é compromisso da escola , sua responsabilidade.
Compartilho com esses pais, a experiencia de ir a uma livraria ou biblioteca e me deparar com a fartura de titulos infantis, todos inacessiveis a demanda de leitura de uma criança cega , e é assim com os sites infantis que produzem jogos que trazem apenas informações visuais , com os brinquedos de tabuleiro que não trazem nenhuma marcação tátil que possa sinalizar e viabilizar sua utilização , com as revistas em quadrinhos e também com os desenhos animados, com os filmes infantis que passam na TV ou no cinema.
Por que será que as pessoas acham que criança cega não gosta de assistir filmes ou ler revistas em quadrinhos?
Não foram poucos os e-mails que enviei a autores como a Ruth Rocha, a Ana Maria Machado e o Ziraldo , perguntando, por que não cobram das editoras que coloquem um encarte digital da obra para que as crianças cegas possam ler o livro através do computador ou para que possam imprimir em braile de maneira mais rápida os livros que produzem ? Alguns me responderam, disseram sim que pensam nas crianças cegas, mas que tem o ônus ... o ônus da editora.
Também enviei e-mail a produção de revista em quadrinho da turma da Mônica, me responderam novamente sobre o ônus, são mais de 30.000 pontos de distribuição de venda da revista , só dá para pensar em um projeto de acessibilidade para crianças cegas se houvesse uma parceria . Então, falei, não precisa imprimir em braile, disponibiliza no site a revista com audiodescrição , põe um sêlo de acessibilidade, indicando que naquele lugar do site as revistas podem ser lidas por crianças cegas, mas não obtive resposta.
E também continuei enviando e-mails, revista uol para crianças, recreio, ciencia hoje , todos com jogos infantis que criança cega não pode brincar , e até o site plenarinho da Câmara dos deputados não tem jogo acessivel, com eles fiz inclusive contato por telefone , mas nenhum jogo foi desenvolvido pensando nas crianças cegas.
Então, é nesse universo infantil de exclusão que nós pais , tentamos educar nossos filhos cegos, e dizer a eles que são crianças como outras quaisquer , que tem os mesmos direitos , para que cresçam fortes, com uma boa auto estima, e tudo o mais que querem os demais pais de crianças sem deficiencia, mas é dificil responder quando ele ou ela pergunta : Porque não tem livro em braile aqui pra gente comprar? Ou então quando diz , eu não quero ir ao cinema só com a minha amiga e a mãe dela porque não vão me explicar tudo que está acontecendo no filme, e a gente não gosta do que não pode entender ! Filme não é coisa pra cego.
E Então , eu continuei mandando e-mails falando sobre audiodescrição ... e por isso , provavelmente , estou aqui hoje . E se há algo a falar sobre a importância da audiodescrição para crianças cegas , eu pergunto : Qual a importancia dos filmes, do cinema, do teatro, das apresentações na escola para qualquer criança ? Sabemos a resposta , tudo isso representa lazer, cultura , educação e oportunidade de convívio social, coisas que igualmente são importantes para a criança cega e que só estará disponivel a estas através da audiodescrição.
A criança cega precisa caber nesse Todos de quem produz entretenimento, lazer, cultura e educação . É seu direito.
Mas, não podemos esquecer do ônus. A audiodescrição tem um ônus, por isso foi tão difícil conquistá-la 2horas / semana na TV aberta brasileira.
E agora que falamos do ônus da escola, das editoras, dos produtores de revistas em quadrinho, de sites infantis, e de quem é obrigado por lei a oferecer audiodescrição na TV, eu em nome de todos os pais de crianças cegas , gostaria de saber: E sobre o ônus de ser excluído da aprendizagem em uma escola porque essa ainda não capacitou seus professores como deveria ? E o ônus de quem não pode se divertir como seus amigos lendo deliciosamente uma revista em quadrinho ou jogando no computador ? E o ônus de quem fica aflito ao seu lado durante um filme perguntando : Quem é a Fiona? Quem está falando agora? Que barulho é esse? O que aconteceu com o burrinho ? E o ônus de achar desde criança que cinema, teatro, espetáculos, não é coisa para cego?
Gostaria muito de acreditar que vamos continuar sendo rigorosos em exigir o cumprimento do direito À audiodescrição , o ônus de uma pessoa com deficiencia em uma sociedade realmente inclusiva , deveria ser apenas o biológico.
O problema da minha filha, das demais crianças e pessoas adultas cegas, não é o seu modo de leitura, se utiliza o código braile, ou um programa de computador, o problema delas é encontrar esses livros.
O problema da minha filha não é ter que assistir a um filme com audiodescrição, é a falta da mesma , essa sim que lhe tira o filme.
Bom , espero que possamos realmente refletir sobre o ônus alegado por aquelas pessoas que deveriam fornecer os recursos acessíveis em contrapartida ao ônus dos usuários dessa acessibilidade, por que precisamos realmente pensar em que mundo queremos que essas crianças cresçam.
Obrigada
Rosangela C. Gera - médica, mãe de Laurinha (11anos)


Fonte: Blog da Audiodescrição
31/08/2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Poéticas Sensoriais para Deficientes Visuais

Oficinas de Criatividades para deficientes visuais no SESC Pompéia

da Redação
Esta é uma proposta de experiência artística e sensorial no campo das artes plásticas para portadores de deficiência visual. As atividade são de terça-feira, das 4h30 às 17h e começam dia 30 de agosto e vão até 06 de dezembro.
O curso se vale de atividades lúdico-sensoriais como forma de estimular os participantes a amplificarem suas percepções e (re)conhecimentos em relação à cor, às linhas, aos traços, às texturas, às formas, aos volumes e, com isso, à expressão artística de maneira geral.
Pautadas pelos quatro sentidos (tato, paladar, olfato e audição), as atividades do curso estimulam por meio de sensações térmicas, de experiências sinestésicas, gustativas, olfativas e auditivas, a criação de associações com os elementos formais das artes visuais, sendo instrumentalizados para que desenvolvam sua própria expressão e sensibilidade poética.
Orientação de Patrícia Bigarelli.
Inscrições pelo telefone 3871-7700 (ramal 7839) a partir das 13h.

Fonte: SESC São Paulo
São Paulo - SP, 30/08/2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cão-guia ainda é sonho distante

Entidades ligadas ao tema estimam que atualmente existam apenas 80 cães para 1,4 milhão de deficientes em todo o País.

Pessoa sendo guiada por um cão-guia
Auxiliar na mobilidade e garantir mais segurança e independência ao deficiente visual. Essas são as principais tarefas dos cães-guia, animais que dão vida ativa a quem nasceu cego ou perdeu a visão. O problema é que, no Brasil, esse ainda é um sonho distante. Entidades ligadas ao tema estimam que atualmente existam apenas 80 cães para 1,4 milhão de deficientes em todo o País.

Entre os principais motivos que impedem que mais pessoas tenham um desses animais é o preço. Para treinar um cão, é necessário desembolsar entre R$ 28 mil e R$ 30 mil, que são gastos com alimentação, exames médicos, vacinas e equipamentos, além dos salários e verbas para ajuda de custo dos treinadores. Em muitos casos, os interessados têm que viajar para outros estados ou países em busca de um cão preparado.

As entidades que formam os animais têm de se preocupar também com a escolha das matrizes - o casal reprodutor que dará origem aos filhotes. A coordenadora do Projeto Cão Guia da ADA (Associação Brasiliense de Ações Comunitárias), Maria Lúcia de Campos, explica que o par tem de ser saudável para que a cria apresente menos riscos de doenças hereditárias.

Um dos males que mais acomete os cães de médio e grande portes é a displasia ."Esta doença acomete as articulações, principalmente na região coxo-femural. Isso faz com que acabe a lubrificação e haja um desgaste ósseo, o que causa dor e atrapalha a mobilidade", conta a coordenadora. A doença é avaliada em graus que vão das letras A até E. Para que um cachorro seja utilizado como guia, deve ter até o grau C, no máximo. Para diagnosticar a doença, são feitos diversos diagnósticos por imagem desde o nascimento do animal.

Apesar do alto custo, a coordenadora se queixa da falta de assistência por parte do poder público. "Os governos só demonstram interesse naquilo que dê retorno político." Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou em abril projeto para a construção de um centro de treinamento de cães-guia na USP (Universidade de São Paulo). O orçamento para a obra é de R$ 2,5 milhões e o prédio terá capacidade para até 92 cães. O prédio só deverá ficar pronto em 2013.

No Grande ABC, cuja população estimada de cegos é 17,5 mil pessoas, existem pelo menos dois cães-guia. Um dos deficientes que conseguiu um animal foi o consultor de informática Luiz Eduardo Porto de Oliveira, 43 anos, de São Caetano. Há três anos ele ganhou a companhia de Harry, um labrador preto treinado em Brasília.

Oliveira ficou cego aos 23 anos, quando foi acometido por uma retinose pigmentar. Desde então, passou a utilizar a bengala como instrumento de auxílio para se locomover. A partir de 2001, iniciou a busca por um cão-guia. Em 2006, entrou na fila de espera do instituto brasiliense, sendo chamado apenas dois anos depois.

Atualmente, o consultor se sente mais seguro para caminhar, o que resulta em independência. "Quem tem o cão-guia, jamais quer voltar para a bengala. Eu faço tudo, tenho uma vida normal", conta. Oliveira ressalta que, desde que começou a contar com Harry, nunca mais caiu ou bateu a cabeça em orelhões, conhecidos vilões dos cegos. "Eles são treinados para desviar de obstáculos aéreos."

Reação ainda é de espanto e surpresa
"Nossa, é um cão-guia?" "Que bonitinho! Posso por a mão?" Essas são algumas das reações de quem vê um deficiente visual sendo guiado por um animal pelas ruas. A equipe do Diário andou por cerca de uma hora e meia pelo Centro de São Caetano acompanhada do consultor de informática Luiz Eduardo Porto de Oliveira, 43 anos, e de Harry, o labrador preto que orienta seus passos.

Por lei, os estabelecimentos públicos e privados são obrigados a permitir a entrada desse tipo de animal. Em nenhum dos locais visitados, como shopping, lanchonete e loja de roupas, Harry foi barrado. Mesmo assim, muitos demonstravam espanto ao ver pela primeira vez um cão-guia.

A aposentada Joaquina Ferreira, 72, queria brincar com o labrador. "Adoro animais, na minha casa eu tenho três. Isso é uma coisa abençoada." Ela contou que nunca havia se deparado com um cão-guia em outras ocasiões.

Apesar do temperamento manso e da boa aparência do cão, não é aconselhado fazer carinho no bicho enquanto ele guia alguém. "Isso acaba desconcentrando o cachorro e pondo em risco nossa segurança. As pessoas têm que entender que ele está a trabalho", alerta Oliveira. O consultor diz que nem sempre as orientações são atendidas. "Muitos acham que estamos sendo antipáticos."

Durante a semana, a reportagem também acompanhou os passos de Ema, uma filhote de labrador que está sendo treinada ser guia. Quem acompanha o treinamento é a estudante Vânia Feitosa, 22, que não é deficiente visual. Mesmo ainda não sendo uma cadela formada, Ema também não foi impedida de entrar nos lugares por onde visitou, como lojas e praça de alimentação do Shopping Grand Plaza, em Santo André, e a estação de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), de onde partiu para uma viagem de ida e volta até a Estação de Utinga. Dentro do estabelecimento, a dupla teve dificuldade para caminhar, devido ao grande número de curiosos que as paravam no meio do caminho.

A estudante conta, no entanto, que já teve dificuldades para passear com a cachorra. "No trólebus e no metrô, muitas vezes tentaram nos impedir de entrar. Mas foi só eu mostrar a lei para os funcionários que eles acabaram cedendo. Mesmo assim, foi meio a contragosto", relata.

Ema faz parte de um projeto do Sesi (Serviço Social da Indústria) para treinar novos animais. A ação é fruto de uma parceria com a Fundação Dorina Nowill e o instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas. A coordenadora do projeto, Beatriz Canal, informa que o investimento aplicado para a capacitação de 32 cães é de R$ 1 milhão.

Treinamento demora cerca de dois anos
Para que um filhote esteja pronto para guiar uma pessoa, o tempo de treinamento é de aproximadamente dois anos. A capacitação é dividida em três etapas. Na primeira, o animal passa por um processo de socialização. Nesse período, convive com uma família de pessoas sem deficiência, que é incumbida de levar o cachorro para passear em locais de grande circulação para acostumar com o movimento. Esse processo encerra quando o bicho completa um ano.

Em seguida, o animal é levado novamente ao canil, onde passará pelo processo de treinamento. "A ideia do treinamento é mostrar para o cão que o dono é cego e precisa dele. É criar uma consciência. Não é um adestramento como nos cães da polícia, e sim uma educação", explica o economista Luiz Alberto Melchert Silva, presidente do Instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas. Esta fase dura entre seis e oito meses.

Na última etapa do treinamento, o cão inicia a convivência com o cego. Nessa etapa, que leva aproximadamente três meses, o deficiente aprende a interpretar os sinais emitidos pelo animal, como alerta de obstáculos, por exemplo.

A presidente do Instituto Iris, Thays Martinez, foi uma das primeiras pessoas a contar com cães-guia no Brasil. Em 2000, passou a ter a companhia de Boris, um labrador amarelo treinado nos Estados Unidos. O cachorro foi aposentado em 2008 e faleceu em 2009. Desde então, Thays passou a conviver com Diesel, um labrador na cor preta.

Ela conta que, antes da criação da lei federal 11.126, de 2005, a dificuldade para entrar com o cachorro nos locais de grande circulação era ainda mais difícil. Ela travou batalha judicial com o Metrô de São Paulo, que não queria deixá-la entrar nas composições com o animal. Foi necessária uma liminar que garantisse o acesso. "Infelizmente, as pessoas têm falta de conhecimento e acabam rejeitando os animais por ignorância."



Fonte: http://www.dgabc.com.br/

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Oficina SP: Contação de Histórias em Libras

Esta oficina é destinada à pessoas usuárias de Libras, surdas e ouvintes, que desejam aprender a arte da contação de histórias, focada em Libras. Este curso único e inovador veio para preencher uma necessidade de pessoas e professores capazes de elaborar uma contação de histórias usando a Língua Brasileira de Sinais, juntamente com a arte de interpretação, tão necessária para dar vida ao que se deseja contar.
Como diz Laurie Anderson, uma famosa artista performatica, tudo pode virar uma história a ser contada: Um acontecimento, real ou imaginário, uma lembrança do passado, um conto e até mesmo um sonho!. Agora imagine tudo isso sendo possível através da Língua de Sinais!
Esta oficina tratará da leitura de história, os elementos que se destacam e dão o enredo principal e seu sentido, sua transposição para a Língua de Sinais obedecendo a cultura surda, treinamento corporal para que não apenas aos mãos, mas todo o corpo trabalhe em conjunto proporcionando uma experiência inesquecivel.
Esta oficina acontecerá em São Paulo, primeiramente aos sábados nos dias 20 e 27 de agosto e 03 e 10 setembro na primeira etapa. Voce que não mora em São Paulo, será possivel a oficina ir até a sua cidade mediante grupo de 20 pessoas.
Mande um email para fundacaolibras@gmail.com e se inscreva, pois devido à complexidade necessária, as vagas serão bem reduzidas.
Fundação Libras
Agora a Libras é possivel !


Fonte: http://sur10.net/2011/08/oficina-sp-contacao-de-historias-em-libras/

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Programa distribui máquinas de escrever em braille

Iniciativa visa apoiar a inclusão de pessoas com deficiência visual ao mercado de trabalho.
Máquina de escrever em braille
Uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo e a Associação Laramara permitiu a distribuição de 133 máquinas de escrever em braille para pessoas com deficiência visual, como forma de apoiar a inclusão de pessoas com deficiência visual ao mercado de trabalho.

A iniciativa faz parte do Programa de Concessão de Acesso às Tecnologias Assistivas, idealizado pela Gerência Executiva INSS São Paulo. Os acordos realizados junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/SP incluem doações de equipamentos tecnológicos que beneficiam e facilitam o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho.

A beneficiária do programa Sanieli de Almeida, 18 anos, destaca o significado de possuir o equipamento: "todos nós temos direito a ler e escrever, por isso a máquina braille é tão importante para nós, cegos". Também Everaldo Aparecido de Oliveira, 38 anos, que perdeu a visão depois de adulto, expressou o seu contentamento. "Aprendi o método há três meses e agora, com a máquina braille tenho como ler e escrever".

Ainda hoje, no entanto, o acesso dos brasileiros com deficiência a equipamentos e tecnologias inclusivas ainda é um desafio, na avaliação de Cristiano Gomes, gestor de projetos e parcerias do Laramara. "Os recursos disponíveis hoje são diversos e são imprescindíveis para a real inclusão no mercado de trabalho, mas ainda estão distantes da população", disse.

De acordo com Gomes, o Brasil ainda cobra impostos de importação de alguns equipamentos, o que encarece os produtos, ao mesmo tempo em que o empresariado nacional não vê neste segmento oportunidade de lucro. Dessa forma, boa parte da população que necessita destes recursos acaba ficando sem opção. "Uma boa parte das pessoas com deficiência é de famílias pobres, e são justamente elas que têm menos acesso a recursos e acompanhamento médico. Assim, se esses equipamentos não tiverem um tratamento especial para serem acessíveis, fica difícil", aponta Gomes.


Fonte: http://invertia.terra.com.br/terra-da-diversidade

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Biblioteca para deficientes visuais em Taguatinga precisa de voluntários

Trabalho do voluntariado é fundamental para funcionamento da biblioteca.

da Redação
A dupla Parceiro do DF Camila Canabarro e Hoana Gonçalves visitou a Biblioteca Braile em atividade há 15 anos no Teatro da Praça, no centro de Taguatinga.
A biblioteca funciona graças ao apoio das pessoas que dividem seu tempo em ajudar os alunos e frequentadores do espaço. O trabalho do voluntariado é fundamental para a biblioteca. A instituição está convocando novos voluntários para ajudar.
Para Dinorá Cançado, voluntária da biblioteca, o trabalho é gratificante. Ela conta que nesses anos todos viu muitos casos que a emocionaram.São casos de sucesso mesmo, de resgate de autoestima, de uma verdadeira cidadania, ressalta.
Os mais jovens também participam, auxiliando os deficientes visuais nos serviços bancários e nos deslocamentos entre suas casas e a biblioteca.
O centro de informática da biblioteca está precisando de voluntários já que os deficientes visuais necessitam de ajuda personalizada.
O banco de voluntários da biblioteca também está cadastrando os chamados " voluntários ledores. Um funcionário da biblioteca visita a casa do voluntário para instalar um programa em que é possível fazer a leitura de um livro pelo computador.
Para ajudar a biblioteca de braile, o voluntário pode entrar em contato pelo telefone 39013549.


Fonte: G1
Taguatinga - DF, 23/08/2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Projeto de Lei prevê que escolas ensinem Libras aos alunos surdos

Projeto quer que Libras se torne componente curricular obrigatório para esses alunos. Condições serão definidas pelas escolas.

da Redação
A comunicação com os estudantes com deficiência auditiva em todos os níveis e modalidades da educação básica, nas instituições públicas e privadas de ensino, poderá ser obrigatoriamente feita por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). É o que prevê projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) aprovado no dia 11 de agosto em Plenário. A matéria ainda deve ser analisada pela Câmara dos Deputados.

O projeto inicial previa que a Libras seria componente curricular obrigatório, inclusive para os alunos ouvintes, mas emenda acatada restringiu essa obrigação apenas aos alunos surdos. Desta forma, as escolas terão três anos, a partir da publicação da lei, para montar estrutura e ensinar Libras aos alunos surdos, que terão o direito de comunicar-se por meio desse sistema linguístico.

O texto aprovado diz ainda que as condições para a oferta de ensino de Libras serão definidas em regulamento dos sistemas de ensino, que detalharão a necessidade de professores bilíngues, de tradutores e intérpretes e de tecnologias de comunicação em Libras. Também fica aberta a possibilidade de acesso da comunidade estudantil sem deficiência auditiva e dos pais de alunos com deficiência auditiva ao aprendizado de Libras.

A Libras é definida pela Lei 10.436/02 como um sistema linguístico de natureza visual-motora e com estrutura gramatical própria. Reconhecida por essa legislação como meio legal de comunicação e expressão, a Libras pode ser ensinada nos cursos de professores para o exercício do magistério.




Fonte: Vez da Voz - 22/08/2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Banco é condenado por negar empréstimo a deficiente visual no DF

Morador de Brasília passou por todas as etapas para conseguir crédito. Banco afirma que, como ele não poderia ler, não conseguiria assinar.

da Redação
O banco Panamericano foi condenado na semana passada a indenizar em R$ 5 mil um morador de Brasília que foi impedido de assinar um contrato bancário com a instituição por ser deficiente visual. A decisão é da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF e não cabe mais recurso.
O autor da ação afirma que, em fevereiro deste ano, procurou o banco para solicitar um empréstimo. Após passar por todos os procedimentos exigidos para liberação do crédito, ele foi impedido de adquirir o dinheiro por ser portador de deficiência visual. Em sua defesa, o Panamericano alegou que, como não poderia ler o contrato, o cliente não conseguiria assinar o documento.
O autor da ação ainda sugeriu que utilizasse sua digital como assinatura e que daria uma procuração para sua filha para que ela assinasse o contrato, mas ainda assim o empréstimo foi negado.
O banco alegou que o portador da deficiência não conseguiu produzir provas bastantes para provocar um pedido de indenização e destacou que mantém a prática de utilização do polegar para realização de contrato, mas com a necessidade de assinatura de duas testemunhas.
Na decisão aprovada por unanimidade na 3ª Turma, o relator, Hector Valverde Santana, afirmou que a postura do banco foi desrespeitosa. “O recorrido passou por todos os procedimentos administrativos a fim de obter crédito junto à recorrente, contudo, em razão de problemas de visão não pôde assinar o contrato e a recorrente não aceitou qualquer outro meio para assiná-lo, o que representou desrespeito à sua condição de cidadão”, disse.



Fonte: G1
Brasília - DF

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Projeto assegura boletos em braille para deficientes visuais

Empresas poderão ser multadas caso não cumpram a lei

Rachel Librelon
A Câmara analisa o Projeto de Lei 672/11, do deputado Weliton Prado (PT-MG), que assegura às pessoas com deficiência visual o direito de receber os boletos de pagamento dos serviços de telefone, energia elétrica, gás, IPTU e água/esgoto em braille, sem custo adicional. Além das faturas mensais, as empresas deverão disponibilizar em braille os comprovantes anuais de quitação.
Caso não cumpra a lei, a empresa ficará sujeita à multa de 30% sobre o valor da última fatura. O valor será revertido em favor do usuário em forma de desconto na fatura posterior.
Weliton Prado destaca que Código de Defesa do Consumidor (CDC – Lei 8.078/90) garante o direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação de quantidade, característica, composição, qualidade e preço, além de adequada e eficaz prestação dos serviços públicos. “As pessoas com deficiência visual têm direito de conferir suas contas”, afirma o parlamentar.
Tramitação
A proposta foi apensada ao Projeto de Lei 7699/06, do Senado, que institui o Estatuto do Portador de Deficiência, já foi analisado pelas comissões permanentes e está pronto para ser votado pelo Plenário.



Fonte: Agência Câmara de Notícias
19/08/2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Seminário discute acessibilidade de deficientes visuais nas TVs

Evento faz balanço dos 45 primeiros dias de audiodescrição obrigatória nos canais abertos

da Redação
A avaliação dos primeiros 45 dias do uso da audiodescrição nas televisões brasileiras será tema de seminário na Câmara hoje, dia 18 de agosto. A audiodescrição é um recurso utilizado para facilitar o entendimento dos programas de TV pelos deficientes visuais: um dublador aproveita os intervalos dos diálogos de filmes ou novelas para descrever o que acontece nas cenas, como detalhes de expressão e da roupa dos personagens.
No evento, serão discutidos o cumprimento da Portaria 188/10, do Ministério das Comunicações, que estabelece que as emissoras são obrigadas, desde 1º de julho de 2011, a disponibilizarem pelo menos duas horas semanais de programas com o recurso da audiodescrição; a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 160/08, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e busca garantir o uso do recurso nas TVs nacionais; e as perspectivas para o profissional audiodescritor.
O debate é uma iniciativa conjunta da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular; da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência; da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara; e da Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais da Pessoa com Deficiência do Senado.
A deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL), presidente da frente parlamentar mista, informa que, de acordo com o IBGE, cerca de 16,5 milhões de brasileiros possuem deficiência visual total ou parcial. “Todos eles têm direito à comunicação e à informação, nos termos da Constituição e da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”, lembra.


Fonte: Portal da Câmara dos Deputados
Brasília - DF, 18/08/2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Meu filho, meu herói: Luzes em meio à escuridão total

Florêncio Neto fala sobre as conquistas do filho Bruno, que é cego

Mauricio Xavier
“Às vezes, em casa, fecho os olhos por alguns minutos para tentar me colocar na mesma situação do Bruno, e não consigo fazer nada. Fico impressionado como ele vive dessa forma. Há uns dias, passei por uma experiência curiosa na fábrica onde eu trabalho. Faltou luz na hora do jantar e os outros funcionários ficaram nervosos porque não enxergavam. Nessas horas eu penso: ‘Esse menino é um herói mesmo’.
Só descobrimos o problema na visão quando ele tinha 1 ano de idade. Na hora, a gente não queria acreditar: ‘Ah, isso não pode ser verdade’. Foram vários exames e, até chegarmos a uma conclusão definitiva, consultamos muitos médicos. Quando veio a confirmação da cegueira total, eu fiquei desesperado, chorei bastante. Mas a verdade é que ele trouxe uma mudança total para a minha vida. Passei a ver o mundo de um modo diferente, a dar mais valor às coisas, aprendi muito.
As pessoas que enxergam agem geralmente na base da cópia, fazem algo de um jeito porque sempre viram assim. O Bruno, não. Consegue imaginar e executar à sua maneira. Acho que meu filho é capaz de tudo. A única coisa que eu digo para ele não pensar é em dirigir. Ele pede, pergunta se um dia vai pegar o carro, mas eu nem gosto de comentar isso. Não sei o que dizer.
Nós sempre jogamos futebol na garagem. Desde pequeno, ele se agachava de um lado e eu chutava ali. Há uns quatro anos, ganhamos uma bola com guizo de um colega. Brincar de futebol com o meu garoto é um sonho realizado. Somos corintianos, só que ainda não fomos juntos a um estádio. Por enquanto não acho legal por causa da violência, eu me sinto inseguro. Pretendo levá-lo um dia.
Mas meu maior medo é do futuro. A gente tenta, da melhor maneira, prepará-lo. Como não pode assistir à televisão, o Bruno gosta muito de música e diz que quer ser DJ. De vez em quando, ele me surpreende com as suas perguntas. Sempre quer saber se nós dois somos realmente parecidos. Digo que sim. Então ele passa a mão no meu rosto para conferir e concorda. ”
Florêncio Marques da Silva Neto, 39 anos, metalúrgico, pai de Bruno, 12, cego.


Fonte: Vejinha
São Paulo, 16/08/2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mogi das Cruzes (SP) não está preparada para receber pessoas com deficiência

Reportagem fez um tour pelo Centro da cidade para mostrar as dificuldades e o que poderia ser feito para melhor receber essas pessoas.

Publicada em 16 de agosto de 2011
Grande parte dos prédios públicos de Mogi das Cruzes (SP) não está adaptada para receber pessoas com mobilidade reduzida. Além de um decreto federal de 2004, o Município vem descumprindo também uma lei criada aqui, em 1990. A reportagem de O Diário fez um tour pelo Centro, começando pelo marco zero, na Praça Coronel Almeida, em companhia de um cadeirante, um deficiente visual e uma arquiteta, para mostrar as dificuldades e o que poderia ser feito para melhor receber essas pessoas.

Os problemas começam a ser apontados antes mesmo de sairmos do lugar. "No Museu Guiomar Pinheiro Franco, a gente já não pode entrar", diz Nivaldo Alves, de 45 anos, que há 12 depende de uma cadeira de rodas para se locomover. Como será visto adiante, ele aponta um dos problemas que é repetido em diversos pontos da Cidade: a falta de rampas de acesso.

Parado, no centro da praça, é só virar para os lados para ver um ponto de ônibus, outro de táxi, uma banca de jornal e vários telefones públicos. O espaço aberto, porém, vira um labirinto para quem não pode perceber o mundo utilizando a visão. "Aqui, como na maioria dos locais, não há um piso podotátil para nos guiar. Quando a gente chega, acaba perdendo a referência", lamenta Ricardo de Oliveira Pedroso, que está sem enxergar desde que sofreu um acidente de carro, também há 12 anos.

A arquiteta Bianca Cristiane, de 31 anos, também aponta algumas falhas. "As rampas daqui não têm piso antiderrapante e nem corrimão. As pedrinhas portuguesas dificultam muito a passagem do cadeirante", mostra ela, indicando que um corredor plano no local seria o mais adequado e não iria descaracterizar o local. Ela ainda aponta uma das rampas que está construída bem no pé da parada de táxi. "Isso só mostra falta de capacitação. Pior do que não fazer, é fazer de qualquer jeito. Depois de pronto, é muito difícil mudar", ressalta.

É provável que, no dia a dia, você nunca tenha prestado atenção em como o orelhão pode ser um dos maiores empecilhos para o deficiente visual. A bengala, objeto que faz com que eles possam identificar e desviar dos obstáculos, passa direto pela parte de baixo da cabine e não encontra a base que a sustenta, a barra azul. O resultado é previsível: a cabeça do deficiente dá um encontrão na cabine telefônica. "Neste caso, somente o piso podotátil poderia nos orientar sobre onde estão estes objetos", conta Ricardo, que brincando diz saber a localização exata de pelo menos 90% dos telefones públicos de Mogi. Outra solução, neste caso, seria a instalação de bases que acompanhassem todo o corpo das cabines.

"Fazer uma rampa destas é como construir uma porta para sair na parede", disse Nivaldo, que ao tentar atravessar a rua dispunha de guia rebaixada apenas para descer, mas não encontrou a mesma facilidade quando tentou subir a calçada que estava do outro lado. "Por aqui, poucos locais dão condição de acessibilidade. A gente consegue andar pela praça, mas para fazer a travessia da rua já não dá", diz ele. Esta, aliás, é uma das maiores dificuldades dos cadeirantes aqui na Cidade.

Se já é difícil subir na calçada, fica pior conseguir manter-se no trajeto. Além de esburacadas, a maior parte delas é estreita. São necessárias ‘perícias’ para passar com a cadeira de rodas entre o poste e a parede. "A gente se rala mesmo", diz Ricardo, apresentando o dorso da mão repleto de cicatrizes.

Num outro ponto, foi possível flagrar dona Regina Aparecida Matos, de 50 anos, levando o amigo Francisco Alves de Souza, cadeirante de 87 anos, pela contramão, disputando caminho com os veículos na Rua José Bonifácio. "As calçadas daqui são horríveis. Não têm rampas de acesso e são todas fora de nível", disse ela, alegando não ter forças para empurrar a cadeira pela guia alta.

Na Cidade, atravessar uma avenida movimentada é um desafio tanto para o deficiente visual quanto ao cadeirante. Um deles precisa adivinhar quando os carros estão parados, já que o semáforo não é sonoro. O outro tem que se virar para descer a calçada, chegar até a faixa e atravessá-la, subindo a guia do outro lado que também não é rebaixada.

A advogada Leia Baptista Macedo, que foi vereadora na Cidade, é autora de um projeto de lei 1990 que determina que prédios públicos sejam acessíveis a pessoas com deficiência. Como ela mesma diz, seria possível fazer de Mogi das Cruzes uma cidade ideal, apenas com a fiscalização das leis vigentes que dispõem sobre o tema. Ela ainda fala do Fórum Municipal, que tem uma rampa de acesso, mas que sempre dá em uma porta fechada, dos cartórios, que não são adaptados, de prédios sindicais, consultórios e lojas. Entretanto, ela elogia a atual administração. "O prefeito já teve a iniciativa. As coisas estão sendo feitas, mas ainda falta muito para que todas as pessoas tenham acessibilidade por aqui", diz.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Unipar adquire scanner óptico para acesso do conteúdo por deficientes visuais

Equipamento realiza leitura de textos tipográficos e transforma em arquivo de áudio


da Redação
A Universidade Paranaense, recentemente, deu mais um passo rumo à acessibilidade no Campus Guaíra. Trata-se da aquisição do scanner óptico multifuncional "Plustek Book Reader V100", instalado na biblioteca da unidade.
O aparelho foi adquirido no Rio Grande do Sul, na empresa Digitech”. Trata-se de um scanner especial para converter textos impressos em áudio. A instalação é bem simples e as conexões são de fácil instalação. “O aparelho realiza leituras de textos tipográficos e os transforma em arquivos de áudio, possibilitando o acesso ao conteúdo didático aos graduandos com deficiência visual”, explica a diretora da unidade, professora Sandra Takahashi, comemorando a aquisição.
A diretora conta que teve conhecimento do lançamento do aparelho através de uma reportagem sobre a feira de deficientes e, como o Campus Guaíra recebe o estudante de Direito Guilherme Yoshiraru Watanabe, que é deficiente visual e que testou o aparelho, conseguiu autorização para a compra. “É muito difícil encontrar doutrinas e códigos em braille; além disso, temos que estar atualizados na área jurídica, daí a importância do investimento”. Para a leitura, o estudante deve colocar o livro de lado. O scanner lê uma página enquanto a outra fica para baixo. O tempo de escaneamento é rápido: o scanner leva cerca de 12 segundos para ler, interpretar e iniciar a leitura em voz eletrônica.
Dentre as opções, ainda possui a função automática de marcador de páginas, pois reconhece a sequência das páginas da obra em leitura, caso o trabalho seja salvo ao ser finalizado. Quando o aluno abre um arquivo antigo, ele começa a leitura do parágrafo onde foi interrompida anteriormente.
Além do scanner, também foram instalados em todos os computadores de uso acadêmico um software de leitura de arquivos de texto (DOS-VOX) para ampliar o acesso às informações. O DOS-VOX é um software livre que pode ser baixado no site da Rede SACI - http://saci.org.br/?modulo=akemi¶metro=6897.



Fonte: Universidade Paranaense
Paraná, 15/08/2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Deficientes visuais fazem curso para serem jurados no carnaval de SP

Em novembro, começam as aulas práticas, nas quadras das escolas, onde os jurados vão ser treinados a ouvir a bateria inteira e a separar cada som

da Redação
Dos muitos mistérios que o samba guarda, um deles mora no ritmo e outro na precisão, principalmente quando é carnaval. Escola na Avenida é tamborim valendo nota. Ano que vem, a disputa promete em São Paulo. Quem vai julgar são os ouvidos que não se distraem por nada. Eles se concentram no samba, na cadência e no ritmo e percebem detalhes que antes acabavam ofuscados pela grandiosidade das fantasias e das coreografias. Esses jurados, muito especiais, já estão sendo treinados em São Paulo.
Esqueça as imagens só por um momento. Preste atenção apenas no som. De todos os nossos sentidos, a visão é a que mais ocupa o cérebro. Sem ela, as outras ficam aguçadas. Com base nesse conhecimento científico, um grupo de cegos começou se preparar para exercer uma função importante. A partir do ano que vem, eles serão jurados dos desfiles das escolas de samba de São Paulo.
Carnaval após carnaval, as baterias foram se sofisticando, com roupas mais elaboradas, coreografias. Esse espetáculo começou a influenciar quem deveria julgar só o som. No carnaval de 2011, em São Paulo, a cabine dos jurados do quesito “Bateria” foi vedada. Eles não viram a escola passar e, aí sim, conseguiram perceber quem era melhor. Daí nasceu a ideia.
O auxiliar de produtos Diego Castro ficou cego há quatro anos e percebeu que a audição mudou. “Ela passou a ser mais atenta. É notar detalhes que antigamente eram imperceptíveis. Isso, para um jurado, é muito bom”, destaca.
O curso começou com a parte teórica – o que é obrigatório? O que faz a escola perder pontos? “A gente tem que avaliar se houve erro. A característica a gente não avalia. É só se ela se apresentou de uma forma correta ou não”, ensina o professor.
As instruções foram gravadas em CD e, em novembro, começam as aulas práticas, nas quadras das escolas. É lá que eles vão ser treinados a ouvir a bateria inteira e a separar cada som. Giovanna Maira é cantora lírica, formada em música pela Universidade de São Paulo (USP), e vai cair no samba. “Para mim, vai ser mais do que uma estada na Avenida para julgar alguém. Para mim, vai ser uma diversão”, comemora.
O engenheiro de produção Airton Luiz Rio Branco vai cantar “Avenida, aqui me tens de regresso”. Sambista desde garoto, ele se afastou quando ficou cego. Agora volta como jurado. Ele mudou de lado, mas jura que foi por amor. “Não é nada pessoal, ao contrário. É uma forma de voltar a minha inserção e poder fazer algo pelo samba”, disse.
“Eu acho que vai causar impacto aí. Vão ter que tocar bastante e vão ter que tocar bem”, afirma o funcionário público Ubijara Domingues. Vai ser bom para os ritmistas e para todo mundo que gosta de samba. Esses jurados receberão uma ajuda de custo de R$ 400 por dia trabalhado no carnaval, mas nada vai pagar a emoção de julgar um dos quesitos mais importantes da escola.



Fonte: Bom Dia Brasil
São Paulo, 12/08/2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Minoria surda que estuda sai de sala especial para regular

Censo Escolar mostra que matrículas em classes comuns cresceram 30% em dois anos, mas total de deficientes na escola ainda é pequeno

Cinthia Rodrigues
Isolados, os dados do Censo Escolar 2010 sobre os estudantes surdos são animadores: três quartos dos matriculados estavam incluídos em classes regulares, um aumento de 30% em relação a 2008. Quando comparados aos dados da população brasileira com deficiência auditiva como um todo. No entanto, os mesmo números mostram que os surdos estão longe de estar incluídos no sistema escolar.
A maior parte do crescimento de matrículas em escolas comuns representa uma diminuição dos estudantes em instituições especiais. Somados os dois tipos de ensino, o total de alunos surdos cresceu apenas 6% nos últimos dois anos e chegou a 70 mil
A última contagem do IBGE conhecida sobre o assunto, do Censo 2000, mostrava que 5,7 milhões de brasileiros eram deficientes auditivos, 357 mil apenas na faixa etária de 5 a 14 anos, em que todos deveriam ser estudantes. Se o número for parecido em 2010, apenas um quinto destas crianças e adolescentes vão à escola ou são percebidos como – e recebem tratamento especial para – deficientes auditivos.
Para a professora e assessora da diretoria do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), Rita Nacajima, as escolas precisam ser mais atraentes para essa população. A instituição de mais de 150 anos de história chegou a ser contrária à inclusão por achar que os deficientes auditivos não aprenderiam em classes com alunos ouvintes, mas acabou apoiando a política na esperança de expandir o total de pessoas atendidas. “A gente entende o movimento de inclusão como necessário porque o Ines e todas as outras instituições especializadas não têm como dar conta de todos os surdos. Agora, é preciso trabalhar mais a recepção deste aluno na escola”, diz.
A barreira que separa a maioria dos surdos da vida escolar é a língua. Sem ouvir, a maioria não fala e a escrita não ganha significado. Em 2002, o Brasil oficializou a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para que estas pessoas falassem com as mãos. A língua é completa e permite a quem tem interlocutor o pleno desenvolvimento de todas as demais habilidades. Faltava quem traduzisse a linguagem oral da sala de aula para a visoespaciAL.
Um decreto de 2005 estabeleceu que os "tradutores" viriam de duas formas. Pela aprovação em prova de proficiência anual em LIBRAS - aplicada a pessoas que já utilizavam a língua de sinais em outras atividades - e pela formação de educadores especializados. Segundo o Ministério da Educação, desde então já há 4.683 intérpretes de LIBRAS atuando na educação básica, que abrange o ensino fundamental e médio.
“O problema é que não basta traduzir”, diz Rita. Como a maior parte das crianças surdas tem pais ouvintes, a LIBRAS só é ensinada quando começam a frequentar escolas próprias. “Para aprender, as pessoas levam o mesmo tempo que para se comunicar em qualquer língua e, até então, não adianta traduzir de uma língua que eles não entendem para outra que ainda não sabem também”, explica.
As entidades reconhecem que houve algum avanço. Dados da Federação Nacional das Associações para Valorização de Pessoas com Deficiência (Fenavape) mostram que o número de surdos no ensino superior passou de mínimos 444 em 2007 para 1.895 em 2009. Muitos cursam carreiras de docência e devem se tornar professores tanto de surdos quanto de ouvintes. “O mesmo esforço que hoje um aluno que não houve faz para entender as estratégias dos ouvintes deverá ser necessário para os ouvintes entenderem o professor surdo”, calcula Rita, completando: “e isso será a outra metade da inclusão.”



Fonte: Último Segundo
11/08/2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Decisão do TST inclui perda parcial da audição em cotas

A deficiente ficou em quarto lugar na lista de reserva para PCD, mas havia sido reprovada pela junta médica por ter perda parcial da audição, e não completa.
Publicada em 10 de agosto de 2011
Símbolo de surdez
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), em decisão unânime, concedeu um mandato de segurança requerido por uma profissional com deficiência auditiva para inclui-la na lista de pessoas com deficiência física e formação do cadastro de reserva no cargo de técnico judiciário do próprio TST. A deficiente ficou em quarto lugar na lista de reserva para este público, mas havia sido reprovada pela junta médica por ter perda parcial da audição, e não completa.

O relator do processo, ministro Lelio Bentes Corrêa, no entanto, entendeu que "a perda da audição, ainda que unilateral, afeta gravemente a vida cotidiana do ser humano", e o objetivo da lei é, entre outros, "assegurar o acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho e superar a barreira maior que se impõe à sua total inclusão em todos os aspectos da vida social: o preconceito".

Conforme nota do TST, o nome da candidata foi excluído da lista de aprovados porque a perícia médica entendeu que apenas no ouvido direito a deficiência era superior ao previsto na lei que trata da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, que se refere a "perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibeis". O mandato de segurança, no entanto, foi emitido porque a candidata sendo "portadora de deficiência auditiva superior a 41 decibeis (dB) no ouvido direito, sua exclusão do concurso violaria direito líquido e certo".

Corrêa, em seu voto, assinalou que a lei deve assegurar o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho não apenas para reduzir as dificuldades materiais decorrentes de sua condição especial, mas para superar o preconceito. "Nisso consiste a ação afirmativa, ferramenta essencial na promoção da igualdade real entre os seres humanos - primado básico dos direitos fundamentais reconhecidos desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948."

Para o relator, a decisão é justificada, já que a candidata tem deficiência que não a impede de trabalhar, mas que estabelece uma "diferença significativa" de sua condição profissional em relação aos demais candidatos.


Fonte: http://invertia.terra.com.br/terra-da-diversidade/

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poste e árvore no meio do caminho do deficiente visual

Algumas ruas de Fortaleza receberam sinalização tátil, mas obstáculos continuam a ser um problema.

Publicada em 09 de agosto de 2011
Símbolo de pessoa com deficiência visual
Iniciada em maio deste ano, a requalificação de calçadas de algumas ruas da Praia de Iracema, em Fortaleza, tem desagradado residentes e comerciantes do local. Além de reclamações ligadas à qualidade do serviço e ao ritmo lento das obras, aqueles que frequentam ou vivem na região apontam uma contradição "inexplicável". Em uma das vias contempladas, a Rua dos Potiguaras, foi feito um piso podotátil que, ao invés de colaborar, dificulta o trânsito de deficientes visuais.

Em determinados pontos da calçada, o caminho traçado é interrompido por postes de eletricidade ou árvores, representando risco aos cegos. Da forma como está configurada a calçada, a trilha que deveria ter como objetivo guiar com segurança conduz ao perigo. O que mais intriga os moradores é que o piso podotátil foi construído recentemente, como se os executores do serviço ignorassem a presença dos obstáculos. "A gente costuma dizer que testa de cego tem ímã para poste. Nesse caso, não precisa nem de ímã", brinca o guarda municipal João Farias, que é deficiente visual, a respeito do risco que falhas desse tipo no piso tátil podem gerar.

Conforme o guarda municipal, os pisos táteis devem ser feitos, preferencialmente, em linha reta, sem obstáculos ou desvios. Quando não é possível que o piso seja feito sem desvios, ressalta, o ideal é que seja sinalizado que há um perigo à frente e que seja desviado o caminho - o que não é o caso da Rua dos Potiguaras.

Além da Rua dos Potiguaras, em vias como as ruas dos Tremembés e dos Cariris, localizadas próximo ao Estoril, os operários trabalhando e os materiais de construção há meses compõem diariamente o cenário. Na região estão sendo feitas a padronização das calçadas, intervenções de paisagismo e melhorias na iluminação pública.

Mesmo em trechos onde o serviço de requalificação se encontra praticamente finalizado, a reforma, na opinião daqueles que estavam habituados à calçada antiga, foi prejudicial. Inconformado com o resultado do serviço feito na Rua dos Cariris, o cabeleireiro Vicente Freire Júnior diz não entender a intenção da Prefeitura.

As intervenções realizadas nas vias fazem parte das obras de requalificação da Praia de Iracema, executada pela Coordenadoria de Projetos Especiais e Relações Institucionais e Internacionais (Cooperii). Segundo a assessoria do órgão, o material que constitui as novas calçadas consiste em uma pedra de cimento com revestimento de concreto lavado.

O piso podotátil
A Cooperii informou ter encaminhado ofícios à Companhia de Energia Elétrica do Ceará (Coelce) para a retirada dos postes. Em relação às árvores, a Secretaria Executiva Regional (SER II) tem realizado estudo para determinar quais árvores poderão ser tiradas. No caso daquelas que não possam ser retiradas, o percurso será modificado.

Sobre a intenção da Prefeitura de retirar postes em trecho da Rua dos Tabajaras e adjacências para a construção de espaços de mobilidade para deficientes visuais, a Coelce informa que recebeu uma série de solicitações da Prefeitura para a retirada de postes na região, mas sem justificativas para a referida remoção das estruturas.

A Coelce disponibiliza equipe para fazer, com representantes da Prefeitura, visita técnica aos locais indicados pelo poder público para analisar a viabilidade dessa retirada, tendo como critério fundamental a manutenção do fornecimento de energia elétrica aos clientes da região.



Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Prefeitura treina profissionais capacitados em língua de sinais

Prefeitura tem mais 39 unidades de saúde com pessoal apto para atendimento a deficientes auditivos
Redação de AcriticaVídeo
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Pacientes com deficiência auditiva agora vão poder ser atendidos sem tanta dificuldade em 39 unidades de saúde do município. É que a prefeitura entregou, na manhã de ontem, certificados a 56 profissionais da rede municipal de saúde que participaram do II Curso de Capacitação em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). De acordo com o secretário municipal de Saúde, Francisco Deodato, as unidades de saúde onde esses profissionais atuam receberam um selo que identifica o estabelecimento como apto a atender deficientes auditivos, que utilizam a língua de sinais para se comunicar.
No ano passado, a Prefeitura promoveu a primeira capacitação do gênero e 20 unidades da rede municipal de saúde passaram a dispor de profissional treinado em Libras. Desta segunda edição do curso, que é promovido em parceira com o Centro de Educação Tecnológica (Cetam), participaram enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos e agentes comunitários de saúde.
Deodato salienta que o Curso de Capacitação em Libras segue diretrizes do Plano Municipal de Saúde da Pessoa com Deficiência, aprovado em setembro de 2009, que prevê, entre suas metas, a adoção de medidas que facilitem o acesso dos deficientes auditivos aos serviços prestados nas unidades de atendimento da atenção básica.
Responsável pela Equipe Técnica de Ações ao Portador de Deficiência, da Semsa, Daiane Barbosa explica que uma das metas específicas do Plano é que todas as unidades da atenção básica tenham pelo menos um profissional capacitado para se comunicar pela linguagem de sinais. Este ano, acrescenta a coordenadora, a meta é capacitar 100 profissionais da rede municipal na Linguagem de Sinais. O terceiro curso de Libras já está programado para novembro.




Fonte: http://acritica.uol.com.br/manaus/Prefeitura-profissionais-capacitados-Lingua-sinais_0_512948949.html

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Legendagem e audiodescrição podem ser obrigatórios em filmes

Está pronto para votação projeto de lei (PLS 122/11) que torna obrigatória a utilização da legendagem em português ou da LIBRAS

Redação
Pessoas com deficiência visual e auditiva poderão contar com dois recursos importantes para facilitar a compreensão de obras cinematográficas. Está pronto para votação na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) projeto de lei (PLS 122/11) que torna obrigatória a utilização da legendagem em português ou da Língua Brasileira de Sinais (Libras), nas exibições de filmes nacionais, e da audiodescrição nas projeções de filmes nacionais e estrangeiros.
A proposta é do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e procura disponibilizar esses recursos em, pelo menos, uma sala de cinema nas cidades com população superior a 100 mil habitantes.
Segundo o projeto, a audiodescrição é a narração - em língua portuguesa e integrada ao som original do filme - de elementos sonoros e visuais, além de outras informações que favoreçam a compreensão da produção por espectadores com esses tipos de deficiência. Inclui a narração de cenários, gestos e da caracterização dos personagens, segundo explica o senador.
Ao justificar o projeto, Valadares ressaltou tratar-se de um esforço a mais na busca de inserção de pessoas com deficiência em "todos os espaços de convívio social, de fruição cultural e a todas as atividades da vida cotidiana".
O relator da matéria, senador Anibal Diniz (PT-AC), também viu aí "mais um passo para assegurar a conquista de uma sociedade justa e inclusiva", contribuindo ainda para disseminar o acesso "a uma importante forma de expressão cultural".
Depois da CE, o projeto segue para votação, em decisão terminativa , na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH)



Fonte: Agência Senado
05/08/2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sobram vagas para pessoas com deficiência em São Paulo

Média de oportunidades é alta neste ano. Porém, a baixa qualificação profissional faz que apenas 46% dos postos de trabalho sejam de fato preenchidos no estado.

Publicada em 04 de agosto de 2011
Mão segura carteira de trabalho
A falta de mão de obra qualificada atinge também as empresas que procuram profissionais com algum tipo de deficiência (física, auditiva, visual, mental ou múltipla).

Na segunda-feira (1), a Sert (Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho) divulgou levantamento que mostra cadastradas no estado de São Paulo 2.565 vagas para pessoas com deficiência. Segundo a instituição, essa é a média mensal de vagas, mas ela supera várias outras categorias e o número total de vagas por regiões do estado, como a de Ribeirão Preto (1.534).

Poucas preenchidas
A Lei de Cotas (8213/1991), que regula a contratação de pessoas com deficiência em empresas com 100 ou mais funcionários, completou 20 anos no dia 24 de julho.

No entanto, dados do Ministério do Trabalho apontam que apenas 25% das vagas que deveriam ter sido criadas de fato foram preenchidas. No estado de São Paulo, a situação é um pouco melhor, e o índice chega a 46%. A explicação para esses baixos números é a baixa qualificação profissional.

A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência quer dar incentivos fiscais às empresas que comprarem produtos e equipamentos tecnológicos que facilitem a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, uma forma de tentar empregar mais pessoas. Até o fechamento desta edição, a secretaria não enviou informações sobre o andamento desse projeto ou outras propostas para o assunto.

Segundo o Ministério do Trabalho, de 2007 a 2010, caiu o número de deficientes empregados. Na média nacional, a remuneração para um deficiente físico é de R$ 2.025,96.

Programa oferece cursos gratuitos
O PEQ (Programa Estadual de Qualificação Profissional) sempre destina uma parte das vagas para pessoas com deficiência, mas o governo do estado de São Paulo ainda não definiu qual será o número total de vagas para o segundo semestre. Para se inscrever, a pessoa deve ir até um PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), com documentos em mãos, ou entrar no site http://www.emprego.sp.gov.br/ e ir no ícone do Emprega SP, preencher o cadastro e selecionar cursos de qualificação.



Fonte: http://www.redebomdia.com.br/

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Anões, mídia e deficiência

Depoimento da jornalista anã Lelei Teixeira no Seminário Mídia&Deficiência Assembléia Legislativa do Estado do RS

Lelei Teixeira
Mídia & Deficiência
Boa tarde a todos.
Agradeço aos organizadores deste seminário a oportunidade de compartilhar com
vocês um pouco da minha experiência e algumas inquietações que cercam a vida de
pessoas que, como eu, têm uma deficiência. Estou saindo de uma gripe muito forte,
portanto, perdoem a voz e a respiração mal colocada.
Falar de uma questão que me diz respeito é um desafio, até porque sou mais dos
bastidores do que do palco. Como tratar de tema tão delicado, evitando cair na
vitimização, no paternalismo, no heroísmo, no fetiche, no clichê, no estereótipo?
Falar com serenidade das dificuldades do dia a dia – e elas existem! – encarar a
diferença, e a repercussão dessa diferença, no meio em que vivemos não é tarefa
fácil. Mas é tarefa necessária, imprescindível nesses tempos em que tanto se discursa
pela inclusão, acessibilidade, diferença, pluralidade.
A sociedade reserva um determinado lugar para aqueles que fogem aos padrões
de normalidade sobre os quais o mundo está estruturado. Ninguém se espanta, por
exemplo, ao ver o negro como porteiro, operário, empregada doméstica, porque este
é o espaço que lhe cabe. Assim como ninguém se admira ao ver o homossexual como
costureiro, cabeleireiro, fazendo o gênero pitoresco, irônico, de humor fino, ferino.
O anão divertindo as pessoas, dando cambalhotas, sendo alvo de chacota, ou como
figura mágica, também não espanta. É o que lhe cabe nesse latifúndio.
Partindo do universo dos bufões, desde a antiguidade os anões são pessoas marcadas
pelo estigma de garantir a diversão de outros, de fazer rir, expondo-se de qualquer
maneira. Vê-los assim, os bobos da corte, é perfeitamente natural. Vê-los responder
ao discurso já dado sobre eles não espanta ninguém. Chega a ser condição para que
sejam incluídos.
O espanto surge no momento em que rompem esses espaços. É aí que a diferença
grita, assume outras proporções e a sociedade se defronta com o que não quer
admitir: a rejeição, o preconceito. Já não está mais diante do estereótipo, do ser
mítico, quase distante e, sim, da pessoa real, de carne e osso, com sentimentos,
paixões, contradições e a sua DIFERENÇA. Diferença com a qual a sociedade não
sabe lidar.
É aí que o deficiente, seja por razões físicas ou mentais, instaura a desordem num
mundo aparentemente normal, desorganiza a frágil organização da sociedade. E as
pessoas se enfrentam com a dificuldade e a necessidade de lidar com uma realidade
que não querem ver: tratar o deficiente na exata medida do seu problema, com
naturalidade. Ao ignorar ou excluir as diferenças certamente toma-se o caminho mais
fácil e mais curto para a eliminação do humano, do caráter criativo e inusitado dos
homens, que está no encontro das suas múltiplas possibilidades e capacidades.
Cabe, portanto, a nós, com a nossa dificuldade, subverter a ordem, extrapolar
os espaços e recusar os papéis já dados, como o do bufão, o do “coitadinho”, da
vítima ou o do herói. Se para a sociedade é difícil conviver com a diferença, é
fundamental fazê-la entender o valor e as possibilidades que as diferenças trazem.
Resta-nos aprender juntos, fora dos estereótipos e dos discursos já instituídos, velhos
e redutores.
Além do acesso físico, sem dúvida fundamental, a pessoa com uma deficiência
precisa ser acolhida com a sua dificuldade, sem disfarces e pré-julgamentos;
na sua dimensão real, sem contaminações, sem transformar-se em exemplo. Só
assim construiremos relações mais humanas, definitivas para a eliminação do
preconceito. “Ver com os olhos livres”, como disse o escritor Oswald de Andrade no
Manifesto Antropofágico nos anos 20 do século 20.
Se é impossível adaptar a cidade às nossas necessidades, é perfeitamente viável
contar com a boa vontade das pessoas. No caso dos anões, por exemplo, ser atendidos
fora dos imensos balcões dos bancos, já será um avanço.
A mídia tem um papel fundamental neste sentido: mostrar a vida como ela é tratar
de questões que envolvem a deficiência e o preconceito com naturalidade. É
formadora de opinião, por isso tem uma enorme responsabilidade. Não pode ser
linear e burocrata em suas análises e comentários. É importante que instigue, faça
pensar, evitando o sensacionalismo, que não contribui em nada para causa nenhuma.
Precisamos de mais civilidade, mais grandeza, mais humanidade e mais sabedoria ao
tratar de temas delicados como esse.
Nós, os anões, somos poucos e pouco lembrados, quase invisíveis para a sociedade
e os governos. Mas temos belos exemplos de reportagens sobre o nanismo. Desde
os anos 80, procuro acompanhar o assunto na mídia. Nessa época, uma matéria de
página inteira no jornal O Estado de São Paulo, com um título muito sintomático e
sensível – “A solidão desta gente pequena” – chamou muito a minha atenção. Talvez
aí eu tenha mergulhado definitivamente na minha condição. Há mais de 35 anos,
a reportagem era pontual e trazia vários depoimentos de anões. Na verdade, trazia
todas as questões que discutimos hoje, depois que inclusão e acessibilidade tornaram-
se palavras da moda, politicamente corretas. Mais recentemente, em novembro de
2009, a reportagem feita pela jornalista Fernanda Zaffari para o Caderno Donna de
Zero Hora, na qual minha irmã e eu fomos entrevistas, foi de uma delicadeza rara,
absolutamente fora dos estereótipos. Tratou do problema com naturalidade e nos
mostrou como pessoas que vivem como qualquer outra. A repercussão dessa matéira
ainda hoje nos surpreende.
Mas temos também péssimos exemplos de tratamento aos anões na mídia,
especialmente em programas de televisão e rádio. Por uma dessas falhas de memória
que Freud deve explicar, esqueci as datas, mas vale registrar. Comunicadores de
programas como Manhattan Connection/GNT e Pretinho Básico/Rádio Atlântida
fizeram comentários absolutamente infelizes e preconceituosos sobre os anões. Só
viram o estereótipo, sem nenhum contraponto. Pelo discurso deles, quase nazista,
não é delegado ao anão um comportamento humano. Como todo comunicador, que
precisa ser interessante e preencher um espaço sem pensar e sem questionamentos,
eles ironizaram grosseiramente a condição de vida dos anões, absolutamente presos
ao estigma, demonstrando farta ignorância sobre a diferença e a deficiência.
Para encerrar, lembro duas frases de canções de Caetano Veloso, que podem
funcionar como uma bússula nessa nossa jornada: “Cada um sabe a dor e a delícia de
ser o que é” e “De perto ninguém é normal”.
Não somos nem vítimas nem heróis. Estamos na vida como qualquer pessoa, com a
nossa dificuldade.


Lelei Teixeira
Jornalista
Fonte: Seminário Mídia&Deficiência
Assembléia Legislativa do Estado do RS
Porto Alegre, 27 de julho de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ford põe cegos para conhecer e dirigir carros

Cerca de 30 pessoas cegas ou com forte deficiência visual dirigiram carros que chegavam a 120 km/h e puderam tatear veículos para sentir suas formas e dimensões.

Mulher com deficiência visual passa a mão sobre um carro
A Ford está colocando motoristas cegos para dirigir. Sim, o Centro de Desenvolvimento da empresa em Merkenich, na Alemanha, vem realizando uma pesquisa com um grupo de pessoas com deficiência visual. Entre os objetivos do programa, está obter informações de sensibilidade e sons e contribuir para que esses usuários, seja como pedestres ou passageiros, tenham maior confiança e compreensão dos veículos.

Como parte da pesquisa, um grupo de 30 pessoas cegas ou com forte deficiência visual se reuniu na pista de testes da Ford para dirigir. Com a orientação de instrutores profissionais, o grupo acelerou pelas retas e curvas do circuito, chegando a 120 km/h. Os participantes tiveram ainda a oportunidade de tatear vários veículos para sentir suas formas e dimensões.

O projeto Direção para Pessoas com Deficiência Visual é uma parceria entre a Ford da Alemanha e o Arcebispado de Colônia, com o apoio da Associação Federal de Instrutores de Direção e o Departamento de Polícia de Colônia, além de outras entidades.

"É uma honra participar desse projeto que dá às pessoas com deficiência visual a oportunidade única de conhecer um carro e talvez, no futuro, com a ajuda da tecnologia, poder dirigir normalmente um veículo", afirma Wolfgang Schneider, vice-presidente de Assuntos Legais, Governamentais e Ambientais da Ford Europa.

"No meio do trânsito, as pessoas com deficiência visual se orientam pelos sons, e é fácil confundirem o tamanho e a velocidade dos carros. Queremos ajudar a resolver esses problemas, trazendo esclarecimento e confiança para a sua mobilidade. Essa sensibilidade também pode contribuir no desenvolvimento de veículos cada vez mais amigáveis para os portadores de deficiência."

Os instrutores ficaram impressionados com a dedicação e arrojo dos participantes no test-drive. Alguns deles dirigiram mais rápido do que aprendizes com visão normal. Com o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias, como sistemas de segurança com câmeras, radares e comunicação entre veículos, a possibilidade de deficientes visuais dirigirem se torna mais próxima. "Talvez eles possam experimentar uma grande liberdade na direção dentro de 15 ou 20 anos", diz Schneider



Fonte: http://www2.uol.com.br/interpressmotor/