sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Aplicativo de celular aumenta interação entre ouvintes e surdos

O ambiente web aumenta os desafios para pessoas com deficiência auditiva. A opinião é da intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), Mária Lúcia de Souza. "Há muitas limitações em decorrência da especificidade linguística", explica. Contudo, empresas focadas em acessibilidade buscam soluções criativas para facilitar a interação entre surdos e ouvintes.
Recentemente, uma dessas empresas, a  ProDeaf, ganhou o Prêmio Anuário Tele.Sintese de Inovação em Comunicaçõespor causa do seu aplicativo para celulares ProDeaf Móvel. A ferramenta traduz frases em português para Libras, funcionando com mais precisão se conectado à internet. A ideia do ProDeaf Móvel surgiu em 2010 no curso de mestrado em Computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a partir da convivência com o estudante Marcelo Amorim, que é deficiente auditivo.
Contudo, nem sempre a ferramenta consegue traduzir um termo ou expressão em um conjunto de sinais. Nesses casos, o personagem virtual traduz, letra por letra, a frase do português para os códigos do alfabeto de Libras - como se estivesse soletrando um nome próprio. O ProDeaf Móvel é gratuito e está disponível para testes nas plataformas doIOSWindows Phone e Android.
Interpretação pelo contexto
No vídeo abaixo (em Libras e legendado), a intérprete Maria Lúcia aponta que, mesmo com as limitações de linguagem, as novas tecnologias tem contribuido cada vez mais para aumentar a interação entre surdos e ouvintes. "A comunidade surda parabeniza esses espaços como meio motivacional da acessibilidade", enfatiza.
Segundo a intérprete, algumas dificuldades são superadas por meio do conhecimento, da aprendizagem e da interação.


Equipamento escaneia textos e transforma em sons.

Encontrar livros de poesias, histórias e até revistas é uma tarefa considerada fácil hoje em dia; mas, para os deficientes visuais ter acesso a esse tipo de informação é um verdadeiro desafio. Isso porque a quantidade de edições de livros transcritos para o Braille, sistema utilizado universalmente na leitura e na escrita por pessoas cegas, ainda é muito pequena. O último censo nacional das bibliotecas públicas, realizado pela Fundação Getúlio Vargas, mostrou que apenas 9% das bibliotecas tinham acervo em Braille.

Mas, uma novidade promete facilitar e tornar as bibliotecas mais acessíveis para quem não consegue enxergar: São equipamentos que conseguem escanear um livro e transformar cada palavra em som. A ‘voz do equipamento’ possui até nomes: 'Raquel' para o idioma português e 'Ivo' para o espanhol. O aparelho é considerado um dos mais modernos no segmento, com controle de volume e de velocidade. A equipe de reportagem do G1 testou e conseguiu ouvir o soneto de Fidelidade de Vinícius de Moraes (veja o vídeo).

Na biblioteca do Sesc, em Sorocaba (SP), há uma das quatro máquinas disponíveis no estado de São Paulo. Para a bibliotecária responsável, Tatiana Amorim, o aparelho poderia ser utilizado por mais pessoas, mas muita gente ainda não sabe que o recurso está disponível gratuitamente. “Muitas pessoas acabam achando que é preciso pagar ou ter algum conhecimento técnico, mas a máquina pode ser usada por qualquer um”, explica.
Um dos usuários do serviço é o instrutor de informática Fabiano Lopes. “Eu utilizo o equipamento muitas vezes para ler uma conta,  poe exemplo. Muitas pessoas deveriam ter acesso, mas não é algo fácil. A boa notícia é que facilita nossas vidas”, conta.
A máquina também converte o texto digitalizado para o Braille. O professor da linguagem em ‘pontinhos’, Claudinei Nunes, conta que para quem é acostumado com outro tipo de recurso, o sistema ainda é inovador, mas que é possível aprender. “Eu já sou acostumado com o Braille há muito mais tempo. É mais fácil para levar para casa, mas ao mesmo tempo é mais limitado. Essa máquina pode até mudar nossas vidas”, conta.
Outra novidade é uma espécie de lupa eletrônica que amplia as palavras e facilita a leitura de quem tem baixa visão. O fundo da tela e as letras podem mudar de cor para ajudar ao leitor. A aposentada Maria José Duarte têm dificuldade para enxergar letras pequenas. Ela testou o equipamento e, animada, comemorou a experiência. “Muito bom poder ler melhor. Em casa gostaria de ler a bíblia, mas não consigo. Desse jeito fica muito mais fácil”, comenta.
Para quem quiser testar e usufruir o equipamento que está no Sesc de Sorocaba, basta ir até a unidade, que fica na rua Barão de Piratininga, 555, no Jardim Faculdade. Mais informações pelo telefone (15) 3332-9933.

Novas tecnologias ajudam cegos a ver


SÃO PAULO – A israelense Liat Negrin entra no mercado, aponta o dedo para a prateleira e, com a ajuda de uma pequena câmera presa à armação dos seus óculos, identifica produtos e escuta a descrição de cada um até encontrar uma caixa de leite. Em um vídeo disponível na internet, Liat mostra como usa essa tecnologia para superar as limitações impostas por um coloboma, doença genética que causa perda de visão. Com os óculos, ela pode realizar sozinha tarefas simples como identificar o ônibus correto para ir ao trabalho ou ler um cardápio.
iat é funcionária da startup israelense OrCam, desenvolvedora da câmera portátil dotada de sensor de reconhecimento de gestos capaz de ler e descrever textos e objetos, transformando qualquer óculos simples em uma espécie de “Google Glass adaptado para cegos”.
O sistema, disponível para os Estados Unidos por US$ 2,5 mil, não é uma iniciativa isolada. No mundo todo, pesquisadores estão explorando o potencial da tecnologia vestível associada a soluções de acessibilidade e visão computacional para ajudar deficientes visuais a ter autonomia, superando os softwares e aplicativos para smartphones hoje disponíveis.
“Nós não podemos recuperar a visão dos deficientes, mas podemos dar a eles fácil acesso a informação que procuram”, diz Yonatan Wexler, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da OrCam.
A câmera armazena na memória milhares de objetos que fazem parte da rotina do usuário e passa a identificá-los e descrevê-los cada vez que o proprietário aponta o dedo para um item. “A tecnologia localiza a ‘assinatura’ de cada produto, que são características específicas usadas como base para localizar no banco de dados itens com o mesmo padrão”, diz Wexler.
Empresas como a OrCam apostam não só nos 246 milhões de pessoas que sofrem de perda moderada ou severa da visão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas também na perspectiva de envelhecimento da população e os problemas que podem limitar a visão na terceira idade.