sexta-feira, 29 de julho de 2011

Seminário de Arte Acessível: 11 e 12 de Agosto

O espaço de workshops, palestras e atividades acontecerá no bairro do Bom Retiro, em São Paulo

Redação
Com realização do Governo do Estado de São Paulo em conjunto com a Secretaria de Estado da Cultura, o evento acontece em dois dias, no Bom Retiro.
Dia 11 de agosto, as atividades se iniciarão às 10h da manhã, com a abertura, às 14h acontece uma Mesa com os seguintes temas: Direito ao Acesso - Fruição e o fazer artístico; Romper barreiras - Diminuir distâncias. Já às 19h, Kátia Fonseca apresenta: Fragmentos e Processos Criativos de "Laurec".
Dia 12 de agosto, às 9h acontece os workshops: Compartilhando diferenças e Dança sem Fronteiras, com Katia Fonseca e Fernanda Amaral. Às 14h, as atividades ficam por conta da Mesa Acessibilidade, que discute "A cidade, os espaços públicos e privados estão preparados para receber as pessoas com deficiência para a fruição e o fazer artístico?".
O evento acontecerá na Oficina Cultural Oswald de Andrade, que fica na Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro - São Paulo - SP.
Fone para informações: (11) 4096.9866 - e-mail: projetosespeciais@oficinas.



Fonte: Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência
http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/sis/leevento.php?id=124, 29/07/2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pessoa física poderá deduzir aparelho de audição do Imposto de Renda

Benfício já atinge aparelhos ortopédicos, próteses ortopédicas e dentárias

da Redação
Tramita na Câmara o Projeto de Lei 312/11, do deputado Sandes Júnior (PP-GO), que permite a dedução das despesas com aparelhos de audição na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Atualmente, a lei já permite essa dedução no imposto para os gastos com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias.
O autor da proposta observa que os deficientes auditivos “enfrentam dificuldades no desenvolvimento da linguagem verbal e do potencial vocacional e econômico, no aprendizado, no desempenho social, emocional, afetivo e cognitivo, além de sofrerem com a segregação familiar e social”. Segundo o deputado, muitos deles poderiam contornar esses problemas com o uso de aparelhos de audição, mas não o fazem por preconceito e desinformação, ou por restrição orçamentária, mantendo-se assim à margem do convívio social.
Sandes Junior cita dados da Sociedade Brasileira de Otologia, segundo os quais 25 milhões de brasileiros têm diminuição auditiva, dos quais 90% poderiam ser ajudados por tratamento médico, cirúrgico ou por aparelhos de audição. O objetivo do deputado é tornar os aparelhos auditivos mais acessíveis para “melhorar a qualidade de vida dos deficientes auditivos”.
Tramitação
O PL 312/11 é uma reapresentação do PL 3479/08, do ex-deputado Iran Barbosa (PT-SE), de idêntico teor, ao qual foi apensado. Essas duas propostas, e mais outras 12 que tramitam em conjunto, terão análise conclusiva das comissões de Finanças e Tributação (inclusive no mérito); e de Constituição e Justiça e de Cidadania.



Fonte:  Portal da Câmara dos Deputados
27/07/2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Projeto propôe filmes no cinema com legendas em Língua Brasileira de Sinais

Proposta abrange cidades com população superior a 100 mil habitantes

Agência Senado
Pessoas com deficiência visual e auditiva poderão contar com dois recursos importantes para facilitar a compreensão de obras cinematográficas. Está pronto para votação na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) projeto de lei (PLS 122/11) que torna obrigatória a utilização da legendagem em português ou da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), nas exibições de filmes nacionais, e da audiodescrição nas projeções de filmes nacionais e estrangeiros. A proposta é do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e procura disponibilizar esses recursos em pelo menos uma sala de cinema nas cidades com população superior a 100 mil habitantes.
Segundo o projeto, a audiodescrição é a narração - em língua portuguesa e integrada ao som original do filme - de elementos sonoros e visuais, além de outras informações que favoreçam a compreensão da produção por espectadores com esses tipos de deficiência. Inclui a narração de cenários, gestos e da caracterização dos personagens.
Ao justificar o projeto, Valadares ressaltou tratar-se de um esforço a mais na busca de inserção de pessoas com deficiência em "todos os espaços de convívio social, de fruição cultural e a todas as atividades da vida cotidiana". O relator da matéria, senador Anibal Diniz (PT-AC), também viu aí "mais um passo para assegurar a conquista de uma sociedade justa e inclusiva", contribuindo ainda para disseminar o acesso "a uma importante forma de expressão cultural". Depois da CE, o projeto segue para votação por mais uma comissão até chegar à presidente.



Fonte: Gazeta Web
27/07/2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

Inclusão de pessoas com deficiência ganha mais espaço em sindicatos

Entidades apostam em comunicação em braille e em LIBRAS

Leticia Cruz
A formação e a acessibilidade para trabalhadores com deficiência vem sendo incorporada por sindicatos para além de itens da pauta de reivindicações dessas entidades. Se remuneração justa, melhores condições de trabalho e jornadas menos extenuantes já eram demandadas em negociações com as empresas, os sindicatos agora buscam ampliar a inclusão desses grupos em decisões das categorias.
O Sindicato dos Químicos de Guarulhos (Sindquímicos) capacita trabalhadores na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), para atendimento cotidiano. No último mês foram certificados 12 alunos no curso, que está em seu segundo ano de formação. A proposta do aprendizado é prepará-los para levar o conhecimento para o trato social e lidar com os colegas com deficiência auditiva.
Uma das alunas é Noeme Oliveira do Nascimento, casada como um deficiente auditivo. "Motivada por meu esposo, fiz o curso visando a uma maior integração com a comunidade surda. E por me apaixonar pelo projeto."
Outra formada, Graziela Evaristo Avelino, buscou o curso para se aproximar mais da irmã, alfabetizada em LIBRAS. Segundo ela, o curso a fez entender melhor as expressões nas conversas em casa. "Estou feliz por poder diminuir esta distância. A nossa comunicação agora está sem limites na linguagem."
Para o presidente do Sindquímicos, Antonio Silvan Oliveira, a qualidade do atendimento às pessoas com deficiência auditiva tende a melhorar com as ações de inclusão. "O resultado foi bem além da expectativa. É a integração dos funcionários dos diversos departamentos que prova a inclusão tão batalhada nos postos de trabalho", analisa o dirigente.
Os bancários da capital paulista com deficiência visual recebem, desde abril deste ano, edições em braille da Folha Bancária, informativo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. A publicação é quinzenal e distribuída aos trabalhadores sob encomenda. A divulgação é feita na medida em que os bancários indicam os colegas com deficiência visual. Nos exemplares da tiragem segmentada, o conteúdo é impresso também em um corpo maior de letras, para pessoas com baixa visão.
De acordo com a presidenta da entidade, Juvandia Moreira, todos os setores devem garantir a acessibilidade de seus funcionários. Por um lado, a categoria tem reivindicações junto aos bancos de igualdade de oportunidades na ascensão profissional. De outro, estão as medidas internas, adotadas pela própria entidade.
Entre as ações nesse sentido, ela destaca adaptações na Quadra dos Bancários, onde são realizadas assembleias da categoria. O local recebeu elevadores para que os cadeirantes possam participar. Todo o processo tem tradução simultânea em LIBRAS, para contemplar surdos.
Desafios para a inclusão
Para o secretário de Políticas Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Expedito Solaney, a garantia de acessibilidade a pessoas com deficiência ainda depende de um longo caminho. A formação da sociedade ainda é insuficiente e a educação desde os primeiros anos escolares precisaria avançar. "Estamos lutando para que o Plano Nacional de Educação e o Ministério da Educação fortaleçam a ação, garantido inclusão, o que começa pela publicação de material didático em braille e formação em LIBRAS", pontua.
O dirigente conta que a CUT trabalha em conjunto com o Coletivo Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência para ajudar a implantar a prática com os sindicatos de diversas categorias. "Este trabalho tem desempenhado uma importante tarefa, pautando a educação inclusiva", diz. "Quanto aos sindicatos, estamos pautando a acessibilidade fisica à todos os filiados da CUT e sedes estaduais. Eles devem fazer reformas e garantir acessibilidade como requisito mínimo."
Para Solaney, a comunicação adaptada a trabalhadores com deficiências visual e auditiva permanece como desafio. Mesmo considerando um avanço a adoção de medidas nesse sentido, ele considera difícil vislumbrar uma data na qual a maioria das publicações sindicais sejam acessíveis. "Há entraves, porque são poucas gráficas publicam em braille pelo país afora, e as páginas na internet demandam mais de recursos", enumera. Apesar disso, ele se diz otimista na busca pela meta de inclusão.
Apesar das articulações dos sindicatos, a formação em LIBRAS ainda é pouco inserida se comparada à amplitude do movimento sindical, de acordo com o secretário. "O ponto ainda não está na nossa pauta. Orientamos que nossos eventos, assembleias, conferências e congressos que tenha também a tradução para LIBRAS", explicou. "E, como já falei, é dever do Estado e do MEC fazer esta formação."
Na pauta
Uma cartilha da CUT, intitulada "Direito é bom: nós gostamos e lutamos por ele!", trata da campanha pelo pleno cumprimento da lei de cotas (Lei nº 8213/91), que obriga empresas com mais de 100 funcionários a contratarem trabalhadores com deficiência. A lei completa duas décadas neste domingo (24), mas ainda é descumprida.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que aproximadamente 25 milhões de pessoas no país têm algum tipo de deficiência, das quais 10 milhões delas estão na região Sudeste. Uma das preocupações dos sindicalistas relaciona-se ao fato de que as empresas preferem contratar pessoas com deficiências "leves", que exijam menos adaptações.
Os cadeirantes, por exemplo, necessitam mudanças maiores, estendidas até às estações de trabalho – além de alterações em corredores, banheiros, vestiários etc. A restrição serviria, segundo os sindicalistas, para não precisar se deparar com esse tipo de exigência que demanda investimento maior.



Fonte: Rede Brasil Atual
26/07/2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Escolas públicas e privadas podem ser obrigadas a alfabetizar em braille

Se a proposta for aprovada, as editoras deverão produzir material didático em braille e escolas deverão qualificar seus profissionais

da Redação
A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 444/11, do deputado Walter Tosta (PMN-MG), que obriga as escolas públicas e privadas a alfabetizar alunos com deficiência visual pelo sistema de leitura em braille.
O autor diz que, se a proposta for aprovada, as editoras deverão produzir material didático em braille em quantidade suficiente, e as escolas deverão qualificar seus profissionais para essa tarefa. “Não se trata somente de um aperfeiçoamento no sistema de ensino, mas de uma adequação às necessidades dos alunos com deficiência e acima de tudo da aplicação da isonomia constitucionalmente garantida. É justo que todo e qualquer brasileiro possa ser alfabetizado, tendo amplo acesso à informação”, afirma.
Lei atual
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante diversas garantias, entre elas o atendimento educacional especializado gratuito aos alunos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.
A lei também obriga os sistemas de ensino a assegurar aos alunos com necessidades especiais: "currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns".
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de seguridade social e família; de educação e cultura; de constituição e justiça e de cidadania. Leia a íntegra da proposta no site: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=492223



Fonte: Todos Pela Educação
25/07/2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Desconhecer as potencialidades é um dos entraves à colocação profissional das pessoas com deficiência

Fundação Dorina Nowill para Cegos promove reabilitação profissional de pessoas cegas e com baixa visão e assessora empresas na contratação.
Publicada em 22 de julho de 2011
Dedos estão sobre folhas em braille
Prestes a completar 20 anos, a Lei 8.213, criada em 1991 e regulamentada por decreto em 1999, e mais conhecida como Lei de Cotas é um marco divisor no esforço de inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Ao tornar obrigatória, para empresas com mais de cem funcionários, a reserva de 2% a 5% das vagas para pessoas com deficiência, antes marginalizadas nos processos de recrutamento e seleção, essa lei contribuiu para acelerar o processo de inclusão social e provocou empresas públicas e privadas a se especializarem na capacitação profissional e na colocação desse público.

Mesmo com todo este avanço, a inclusão de deficientes no mercado de trabalho ainda é um desafio. Segundo informações do último Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em maio deste ano, entre os anos de 2007 e 2010, o número de trabalhadores com deficiência formalmente empregados caiu 12%. Aproximadamente 42,8 mil vagas para pessoas com deficiência foram fechadas. O relatório aponta que 348, 8 mil trabalhadores empregados no Brasil tinham alguma deficiência em 2007. No ano passado, esse número caiu para 306 mil. Contudo, o total de trabalhadores empregados formais no País passou de 37,6 milhões para 44,1 milhões.

De acordo com as informações do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem, no Brasil, aproximadamente 24,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, que representa um universo de 14,5% da população.

Dentro deste cenário, a Fundação Dorina Nowill para Cegos em seu Programa de Empregabilidade promove a reabilitação profissional de pessoas cegas e com baixa visão por meio de orientação, colocação profissional e cursos de informática. De outro lado, a instituição possui uma equipe especializada para assessorar as empresas na implantação de desenvolvimento de projetos de educação corporativa para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho com uma nova filosofia de contratação: a de incluir o deficiente aproveitando o seu potencial e não apenas para cumprir a lei de cotas.

“Um dos passos mais importantes na inclusão social das pessoas deficiente está no mercado de trabalho, pois proporciona condições de sustento próprio e da família, bem como o seu desenvolvimento pleno e independente na sociedade. A Lei de Cotas teve um papel fundamental neste processo, mas muito se tem a fazer”, comenta Adermir Ramos da Silva Filho, diretor-presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

O desconhecimento das potencialidades das pessoas com deficiência é um dos entraves importantes à colocação profissional dos deficientes. “É muito importante que as empresas entendam a importância do trabalho para a pessoa com deficiência, como se dá o processo de inclusão e onde buscar os profissionais. Não podemos negar que a situação da deficiência visual gera desvantagens sociais, porém os recursos e as possibilidades frente a isso vêm crescendo a cada dia e não estão restritos a apenas uma área”, aponta Edson Defendi, coordenador de empregabilidade e projetos especiais da Fundação Dorina Nowill para Cegos.


Fonte: http://www.vidamaislivre.com.br/noticias/noticia.php?id=3663&/desconhecer_as_potencialidades_e_um_dos_entraves_a_colocacao_profissional_das_pessoas_com_deficiencia

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Incluir ou não incluir, eis a questão

Artigo de Marcos Lima sobre sua experiência em escolas especiais e regulares

Marcos Lima
Há alguns dias um programa de televisão estava debatendo a inclusão das pessoas com deficiência nas escolas normais, ou seja, aquelas que não são adaptadas às suas necessidades de aprendizado. Isso permite que as crianças com deficiência conheçam e convivam com crianças sem deficiência, uma troca de experiências que pode ser muito boa para ambos os grupos. O programa só trazia mães de meninos e meninas com problemas mentais (alguns dos quais eu nunca ouvi falar), de modo que eu não vou entrar especificamente nesse mérito. Como o nosso papo aqui é deficiência visual, vou dar a minha opinião sobre o assunto no que tange a este segmento específico. Antes, vale deixar claro que não sou pedagogo, nunca estudei esta questão pelo viés das teorias de educadores; eu quero simplesmente compartilhar alguns pensamentos frutos todos da minha experiência como pessoa com deficiência visual.
Antes de tudo, vale explicar a minha história, resumidamente. Nasci com glaucoma congênito, detectado quando eu tinha alguns meses de idade. Não obstante ao esforço da minha família e às dezesseis cirurgias realizadas, com 5 anos eu perdi completamente a visão. Nesta época, já estudava no Instituto Benjamin Constant, escola especial voltada para o ensino de alunos cegos e de baixa visão. Ali permaneci até os meus 16 anos, quando completei a oitava série. Depois, prestei concurso para o Colégio Pedro II, onde estudei os três anos do ensino médio (ou segundo grau), até que, passando no vestibular de jornalismo, ingressei na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Tudo isso para dizer que eu sou um grande entusiasta da escola especial. Para mim, ela foi fundamental no meu crescimento como pessoa e como profissional. Conviver com amigos que tinham deficiência visual me ensinou muito. Se eles podiam amarrar o tênis sozinho, eu também podia; se eles, moradores inclusive de municípios da Baixada Fluminense, podiam voltar sozinhos pra casa, eu, que morava há menos de um quilômetro da instituição, também podia; se eles podiam jogar bola, por que eu também não podia? E foi assim que, mesmo sem saberem, os meus amigos, colegas e conhecidos me ensinaram muita coisa. Ali eu não era o cego, mas apenas mais um cego, de quem ninguém passaria a mão na cabeça por conta disso, já que existiam centenas de outros com as mesmas características.
Fico pensando que, se o tempo todo tivesse estudado em uma escola comum, onde eu era o único deficiente visual, eu teria perdido uma chance de me desenvolver. Afinal, em meio a tantas crianças que enxergam, eu sempre seria o "ceguinho". E, sem exemplos nos quais me espelhar, talvez hoje eu fosse uma pessoa bem mais limitada. Se posteriormente na minha vida pude conviver com outras pessoas com deficiência sem que eu fosse apenas o "ceguinho" do grupo, foi porque, enquanto estava na escola especial, tive as bases e a confiança necessárias para me posicionar na sociedade, com meus defeitos e qualidades, com minhas virtudes e deficiências (que infelizmente vão muito além da visual). Claro que devem existir pessoas que estudaram em escola normal o tempo todo, que nunca conheceram nenhum outro deficiente visual e que são mais safas e mais independentes do que eu, de modo que volto a frisar que essa é apenas uma opinião muito parcial sobre uma história específica: a minha.
Se não fosse essa convivência, eu não teria aprendido a jogar futebol (e como seria a minha vida sem uma bola de guizo?) e, sem ingressar no esporte, eu não teria disputado tantos campeonatos e viajado três vezes para fora do Brasil por conta deles... Exagero? Pensem pois: como eu poderia jogar futebol em igualdade de condições se eu fosse o único cego do meu estabelecimento de ensino? Sem conhecer outros cegos, como eu poderia saber que se formavam equipes de futebol de 5 e que se disputavam campeonatos nacionais e internacionais? E, se não fosse assim, eu não teria visto o quanto o paradesporto precisa de apoio, o quanto o esporte muda a vida das pessoas e o quanto a gente pode fazer mais por isso. E, se não fosse tudo isso, hoje seguramente a Urece não existiria, mesmo porque o Anderson, o Gabriel, o Filippe, o Fábio, o Rafael, todos eles também não teriam sido parte da minha história e da história da Urece.
Se não fosse a convivência diária com meus amigos com deficiência visual, eu não teria aprendido que para tudo se dá um jeito e que a maior deficiência é a sua capacidade de se auto-limitar. Não teria aprendido que se pode colocar uma bola dentro de um saco plástico e jogar futebol guiados pelo barulho que ela produz em contato com o piso ou, na ausência de uma esférica de verdade, nunca teria pensado que basta uma garrafinha plástica qualquer cheia de pedrinhas para garantir a diversão de uma tarde inteira.
Se não fosse a convivência com meus amigos deficientes visuais, eu provavelmente teria me limitado a fazer o que as pessoas achavam que um cego podia fazer. "Eu não ando sozinho porque sou cego, os outros andam porque eles enxergam". "Eu não posso tirar notas boas porque eu não enxergo e então é difícil pra mim aprender matemática; os outros enxergam e então eles vão bem". E, embora estejamos apenas em um exercício de adivinhação, provavelmente não seria o que eu sou hoje.
Apesar de eu destacar a importância da escola adaptada (ou especial ou seja lá qual for o nome correto para isso, embora esse troço de dar nomes politicamente corretos seja um pé no saco), acho que chega um momento em que é necessário dar um vôo maior. E esse momento chegou, para mim, justamente ao final do primeiro grau. OK, já tinha vivido e crescido com meus amigos que também têm deficiência visual, já tinha apreendido os limites e principalmente as potencialidades da minha deficiência, de modo que chegara o tempo de quebrar os elos com o mundinho feito para você e se inserir na vida real. Não, o mundo não é feito de colegas e professores que têm a mesma deficiência que você, livros em braille, corredores adaptados... Pelo contrário, essa é apenas uma pequenina exceção. O mundo real é construído por uma maciça parede de preconceito, de injustiça, de falta de acessibilidade, mas tampouco adianta espernear contra isso, porque é nele que você vive. Então é necessário aceitar isso e buscar o seu lugar nele, por mais que pareça mais confortável continuar sempre agarrado ao maternal colégio onde tudo é feito para atender as suas necessidades.
E, com meus 16 anos, entrando em uma escola normal, cercado de colegas que não apenas não eram deficientes como também nunca tinham visto um cego na vida, comecei a aprender que existe muito mais no mundo e em mim mesmo. Não tardei a descobrir na prática que sou muito mais que um cego, que podia sair na mão com meus amigos apenas por brincadeira e ganhar ou perder como qualquer outro... Aprendi que por mais difícil que fosse a matemática ou a física, sempre se podia dar um jeitinho para entender um gráfico, porque se eu tinha sido capaz de fazer antes quando meus companheiros de turma tinham deficiência visual, por que eu não conseguiria agora também? Aprendi que existem coisas socialmente aceitas e que outras não o são e que, ao contrário de você, as outras pessoas enxergam. E por isso que esses anos foram fundamentais para o meu crescimento como pessoa e como profissional.
"Ué, eu já li isso antes", você deve estar pensando. E já leu mesmo, no início do texto, referindo-se exatamente à escola adaptada. E isso resume bem o que eu penso sobre o assunto: há hora pra tudo. Escola adaptada é fundamental para você crescer com outras pessoas que têm a sua mesma deficiência e aprender, com elas, a exigir-se ao máximo para se tornar o mais independente e autônomo possível. E existe também o momento de entrar no mundo real, em que nem sempre terão compaixão ou compreensão da sua deficiência, pois, na verdade, é nesse mundo que nós vivemos assim mesmo, com suas injustiças e idiossincrasias, mas só é possível mudá-lo estando dentro dele.



Fonte: Urece
21/07/2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

SESI-SP lança “Projeto Cão-Guia” e filhotes são doados

Projeto é especificamente voltado ao atendimento de pessoas cegas que atuem na indústria paulista

Redação
No início de julho em São Paulo, o SESI-SP lançou o Projeto Cão-Guia, que
contou com a presença da Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa Com
Deficiência, Dra. Linamara Rizzo Battistella, e o presidente da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf.
Foram doados 6 filhotes de cães para donos provisórios que terão a missão de
ajudá-los a se tornar guias de pessoas com deficiência visual e a se
acostumar a conviver em diversos ambientes. Até o final do ano serão doados
32 filhotes. No evento de lançamento, a Dra. Linamara fez a entrega de um
dos cãezinhos. Os animais, das raças labrador e golden retriever, têm entre
3 e 4 meses de idade. "A família devolve quando ele tiver 1 ano. Esse é o
sacrifício. Ele trabalha até os 7 anos com a pessoa com deficiência visual e
depois, se aposenta", completou Skaf. Esse Projeto do SESI/SP é
especificamente voltado ao atendimento de pessoas cegas que atuem na
indústria paulista.
Após o treinamento inicial com as famílias, os cães serão encaminhados ao
centro de treinamento do Instituto Meus Olhos têm 4 Patas, para adestramento
intensivo e especializado. Nessa segunda etapa, o cachorro será avaliado,
permanentemente, por treinadores qualificados. O treinamento tem duração de
6 a 8 meses, dependendo da evolução do animal. No terceiro momento, os cães
escolhem seu futuro dono e passam por um período de instrução.
Os profissionais formados durante o projeto estarão aptos a treinar novos
cães e capacitados a unir as duplas: cão-guia e pessoa com deficiência
visual. Cada animal precisa ser adaptado à sua dupla, com conhecimento de
comandos e noções de distância, altura e proporções da pessoa que acompanha,
evitando acidentes. Segundo a FIESP - Federação das Indústrias de São Paulo,
existem dificuldades em preencher os postos de trabalho nas Indústrias com
profissionais com deficiência visual, sendo um dos obstáculos a dificuldade
de deslocamento.
Os cães serão doados gratuitamente a industriários com deficiência visual
previamente selecionados pelo SESI.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE),16.644.842 pessoas apresentam deficiência visual, no país. Destas,
mais de 2,6 milhões residem no estado de São Paulo.
*PIONEIRISMO*
A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência foi pioneira,
em 20 de abril deste ano, ao lançar, no Palácio dos Bandeirantes, o Decreto
que cria o "Programa Cão-Guia" e o anúncio da construção do Centro de
Referência do Cão-Guia, em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia da USP. A Cerimônia de lançamento contou com a presença do
governador Geraldo Alckmin e autoridades e aconteceu há apenas uma semana de
se comemorar o Dia Internacional do Cão Guia, celebrado anualmente na última
quarta-feira do mês de abril.
O objetivo do Programa é a implementação do Centro de Referência para o
Cão-Guia com parceria entre a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa
com Deficiência e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O
Centro de Referência será construído em um prédio totalmente sustentável,
dentro da própria Universidade de São Paulo - USP. Além da criação e
treinamento de cães-guia para pessoas com deficiência visual, o programa
definirá os parâmetros em relação ao uso do cão-guia e os métodos de
treinamento.
A Secretária Doutora Linamara Rizzo Battistella explicou a importância de
projetos como esse. "A questão do cão-guia se coloca na interface da pessoa
humana como um elemento importante da acessibilidade. Significa
independência, capacidade de autonomia e de comando que a pessoa com
deficiência visual deve ter. Esse projeto tem significado modelo e
referência para se multiplicar dentro das organizações não governamentais e
dentro de outras estruturas públicas".
Na ocasião, a Doutora Linamara destacou, ainda, que a ideia original nasceu
a partir da sensibilidade da Primeira-Dama do Estado de São Paulo, Lú
Alckmin. "Ainda quando ela era esposa do então vice-governador de São Paulo,
ela cogitou a possibilidade de implementação de programa voltado ao
cão-guia. Essa ação, portanto, devemos muito à sensibilidade da
Primeira-Dama", afirma a Secretária.
Após o treinamento, os cães habilitados serão encaminhados às pessoas com
deficiência visual, que também serão previamente selecionadas e treinadas no
Centro de Referência. Todo o processo será gratuito, para a família e a
pessoa com deficiência visual.
Informações completas sobre o Programa e o Centro de Referência do Cão Guia:

Mais informações sobre o "Projeto Cão-Guia" do SESI/SP:
www.sesisp.org.br/caoguia



Fonte: Secretaria do Direito das Pessoas com Deficiência - Governo de São Paulo
http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=813, 20/07/2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pucca: Vítima de cegueira moral

A história da cadela-guia Pucca e de sua dona, Camila, barradas num restaurante do Rio

Nelito Fernandes
DISCRIMINADA
Pucca posa para a foto. Ela guia a dona por toda parte, mas não entra em
"Espelunca Chique". A fêmea de golden retriever. Pucca largou a vida das passarelas por uma nobre missão. A cadela de 2 anos e meio trocou o glamour dos concursos de beleza de cÃes por uma vida (quase) anônima em Niterói, no Rio de Janeiro, como guia de cegos. Todos os dias, Pucca sai de casa pela manhã e conduz sua dona, a estudante Camila Araújo Alves, de 21 anos, numa caminhada de 15 minutos até a barca que faz a ligação com o Rio. Na plataforma de embarque, Pucca aguarda pacientemente. Quando a embarcação chega, elas entram. Atravessam a Baía
de Guanabara, descem da barca e caminham pelo centro da cidade até o trabalho de Camila. Ela é estagiária de arte no Centro Cultural do Banco do Brasil. A cadela sabe todos os destinos da dona, inclusive onde ficam os pontos de ônibus. Aonde quer que vá, Pucca, invariavelmente, recebe elogios e provoca comentários carinhosos. Mas, no sábado 9, ela aprendeu que o homem nem sempre é o melhor amigo do cÃo: foi barrada num restaurante.
A cadela golden não pôde entrar no Espelunca Chique, em Copacabana, onde Camila pretendia jantar com amigas. Logo na entrada, um garçom abordou o grupo e disse que cães eram proibidos. Camila, acostumada a situações como aquela, mostrou uma cópia da Lei Federal número 1.124, de 2005, que traz consigo o tempo inteiro. A lei garante acesso irrestrito a cÃes acompanhantes de deficientes visuais a qualquer lugar. As únicas exceções sÃo UTIs de hospitais e locais de preparo de comida dos doentes. Não adiantou. Camila chamou a Polícia Militar, mas os guardas, por assim dizer, fizeram vista grossa. Disseram que não podiam fazer nada, mesmo
diante de uma flagrante ilegalidade. É incrível como a polícia brasileira, tão vigorosa na repressÃo a certos crimes, se omite na hora de ajudar cidadãos a fazer cumprir a lei em situações cotidianas. "É muito grave o policial não fazer cumprir a lei, porque a polícia serve para isso", afirma o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, presidente da Comissão de Direitos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. "Deviam ter levado todos para a delegacia e ter feito o registro de ocorrência, no mínimo".
Revoltadas mas impotentes, a estudante e suas amigas deixaram o restaurante e usaram o último recurso dos brasileiros indignados: denunciaram a
violação à lei no Facebook. A reação foi instantânea, o clamor cresceu na internet e, nos dias seguintes, a história chegou aos jornais. O dono do Espelunca, Roberto Zaccaro, disse que lamenta o episódio e culpou o gerente. "Infelizmente, ele não me ligou para buscar orientação", afirmou. "Em nossa outra filial temos uma cliente que sempre vai com o cão-guia e nunca teve problema." Camila vai processar o restaurante por danos morais. Ela ficou cega aos 15 anos, vítima de retinose pigmentar, uma doença genética que provoca a degeneração da retina. Antes da chegada de Pucca, só saía de casa diante do inadiável. Hoje, oito meses depois de receber a cadela, doada pela ONG CÃo-Guia Brasil, Camila até corre na praia, acompanhada por sua guia. "Ela me deu vida nova. Ganhei independência de novo", afirma Camila. "No restaurante eu me senti muito desrespeitada e resolvi protestar. Espero que isso tenha uma visão pedagógica." Antes da lei, os deficientes visuais tinham de recorrer a ações individuais. Em 2004, a advogada paulistana Thays Martinez conseguiu na Justiça o direito de entrar no metrô de
SÃo Paulo com seu labrador-guia Bóris. Thays foi impedida de viajar na
estação Marechal Deodoro do metrô em 2000, e o processo durou quatro anos. Bóris foi o primeiro cão do país a ter acesso garantido ao metrô por decisão judicial.
"Me senti desrespeitada e protestei. Espero que seja pedagógico" Camila Araújo Alves, estudante e cega.

LEI DA SELVA
Algumas pessoas não acreditam que a lei dê trânsito livre ao cão-guia. Treinador de Pucca, George Thomaz Harrison, diretor da ONG, garante que os cachorros não provocam nenhum tipo de constrangimento. Eles não latem, só fazem necessidades fisiológicas nos horários programados e jamais atacam. Tanto preparo leva tempo: são dois anos de treinamento intensivo. Após esse período, passam por revisões constantemente. A maioria desses cães é doada por ONGs como a Cão-Guia. Nos Estados Unidos, um cão como esse chega a custar US$ 50 mil. No Brasil, faltam animais. A fila de espera, aqui, é de 12 mil deficientes visuais. Somente cinco cães são entregues por ano pelas instituições, todas privadas, que vivem de doações.
Para ser cão-guia, o animal precisa ter uma aptidão específica, detectada
já aos 3 meses de idade. Pucca é uma exceção. Ela era uma cadela de exposiçÃo, mas o temperamento afetuoso e a obediência a levaram à nova função. Foi doada pelo seu antigo proprietário para a ONG, que a treinou. "A Pucca nasceu pronta para isso", diz George. Cães-guia para deficientes visuais nÃo podem ser medrosos nem corajosos demais. Tampouco podem se distrair. Obedecem ao comando de voz dos donos e decoram os caminhos. Ele e o deficiente precisam ter temperamento parecido. No caso de Pucca e Camila, o casamento é perfeito. "Ela é minha companheira, minha amiga. Somos nós duas para tudo", diz Camila.
Apesar de ter sido promulgada em 2005, a lei de livre acesso aos cães-guia
é pouco conhecida. Segundo Camila, muitos restaurantes alegam que o cachorro não tem entrada assegurada em lugares de lazer, o que nÃo é verdade. "Mostro a cópia da lei, mas alguns não acreditam", diz ela. Toda vez que há um impasse na hora da entrada, Pucca faz o que fez no último sábado. Enquanto a discussão corria solta na porta do restaurante, ela deitou e tirou uma soneca. Certamente entediada com a intransigência dos bípedes.


Fonte: Revista Época
http://revistaepoca.globo.com/, 19/07/2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

IPUF e CMDPD discutem acessibilidade

IPUF de Florianópolis deverá instalar sinal sonoro para pessoas com deficiência

da Redação
O Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) realizou na tarde desta quinta-feira, reunião para definir condições de acessibilidade de pedestres com deficiência visual na travessia dos semáforos de Florianópolis. O objetivo é instalar nestes cruzamentos de fluxo intenso de veículos, mecanismos que possam emitir sinal sonoro para auxiliar pessoas cegas ou com baixa visão. A reunião ocorreu entre membros do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPd), Associação Catarinense Para Integração do Cego (ACIC), a diretora de planejamentos do (IPUF) VeraLúcia Gonçalvez da Silva e o engenheiro civil Carlos Eduardo Medeiros.
O modelo, do equipamento mais adequado e os cruzamentos que deverão ser priorizados foram discutidos. Após a conclusão destes pontos, o (CMDPD) deverá apresentar dentro de um prazo estabelecido pelo (IPUF), a definição aos principais cruzamentos que necessitam da instalação do sinal sonoro dos semáforos.
De acordo com O engenheiro Carlos Eduardo Medeiros, a etapa seguinte será a compra e a experimentação realizada pelo CMDPD e(IPUF) na vistoria dos equipamentos.



Fonte: Assessoria de Imprensa da ACIC
Florianópolis - SC, 01/07/2011